Computadores 'low cost' para desenvolver o Mundo pobre
A ideia foi lançada durante o Fórum de Davos, em Janeiro deste ano, na Suíça, e dentro de poucas semanas deverá ganhar forma. Nicholas Negroponte, presidente e co-fundador do MIT Media Lab - uma unidade do Massachussets Institute of Technology, MIT. - anunciou que está pronto para lançar em Novembro o primeiro protótipo do computador portátil a 100 dólares, num projecto que visa oferecer novas oportunidades educativas a milhões de crianças espalhadas pelos países pobres.
O lema é muito simples Um Computador por Criança, com o objectivo nobre de romper o fosso digital entre o mundo ocidental e os países em desenvolvimento. A primeira experiência foi lançada no Combodja, onde o visionário do projecto afirmou ter testemunhado in loco o enorme potencial dos computadores portáteis na melhoria da educação das crianças.
Nicholas Negroponte dizia, numa conferência realizada no final de Setembro, que antes de se resolverem os problemas de conectividade nos países pobres era necessário apostar na maior penetração de computadores. O guru das tecnologias defendeu então que todas as crianças do mundo deviam ter um portátil, de forma a aumentar o nível de educação e estimular a auto-aprendizagem.
Agora, o trabalho de investigação e planeamento está feito e o primeiro aparelho será exibido a 17 de Novembro, em Tunes (Tunísia), na Conferência Mundial da Sociedade da Informação das Nações Unidas. Segundo a informação disponibilizada no website oficial da iniciativa (http//laptop.media.mit.edu), os computadores serão distribuídos através dos ministérios da educação dos países abrangidos pela fase de arranque (China, Brasil, Tailândia e Egipto). Os primeiro portáteis serão disponibilizados entre o final de 2006 e o princípio de 2007, sempre com encomendas mínimas de um milhão de unidades. O objectivo inicial é produzir 15 milhões de computadores, mas Negroponte prevê chegar aos 100 ou 150 milhões nos próximos três anos. Para se ter noção da dimensão do desafio, basta lembrar que todos os fabricantes do mundo juntos produzem hoje 50 milhões de portáteis por ano.
O computador do MIT foi especialmente desenhado para atender a condições especiais, que caracterizam as nações mais pobres. Um dos problemas crónicos destes países - a falta de electricidade - foi resolvido com um sistema alternativo de energia, pelo qual é possível ligar e trabalhar com o portátil sem qualquer ficha de alimentação (ver esquema nesta página).
Estes computadores têm, no entanto, algumas limitações, sobretudo em termos de espaço de armazenamento e velocidade. Basta pensar que os portáteis actuais têm em média discos rígidos de 60 gigabytes (contra 1GB destes low cost) e velocidades de 1.5 Ghz (três vezes mais do que estes modelos). São, no entanto, muito mais resistentes que os laptops comerciais, graças a um revestimento de borracha.
Àparte as boas intenções, falta perceber como é que o MIT conseguirá produzir 150 milhões de computadores portáteis por menos de metade do preço dos laptops que existem no mercado. Muito simples uma vez que quase metade dos custos dos fabricantes estão relacionados com vendas, marketing e distribuição, é possível poupar nestas despesas que não fazem sentido num programa com fins não lucrativos. Além disso, foi também utilizado um monitor mais barato, e o facto de o aparelho ser equipado com o sistema Linux, que por ser software livre pode ser distribuído gratuitamente, também ajuda a reduzir o custo final. Depois, claro, há o apoio de alguns gigantes que disponibilizam recursos e equipamentos para dar corpo ao projecto (casos da AMD, Brightstar, Google, News Corporation e Red Hat).