Como Tsipras transformou o não aos credores num sim à austeridade

Votação no Parlamento revelou importante fratura interna no Syriza. Reviravolta no governo pode originar crise política a curto prazo.
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Menos de uma semana depois de mais de 60% dos gregos se terem pronunciado contra medidas de austeridade ligadas à concessão de novo apoio financeiro à Grécia, o Parlamento de Atenas aprovou na madrugada de sábado um programa de aumento da carga fiscal, cortes na despesa pública e outras restrições consideradas mais exigente do que as medidas recusadas no referendo de dia 5.

Em ambas as ocasiões, o primeiro-ministro Alexis Tsipras afirmou estar-se perante uma vitória do povo grego face às pressões do Eurogrupo e dos mercados, de ter recebido "mandato inequívoco" para negociar, disse ontem. Mas os factos apontam noutro sentido. No primeiro caso, a vitória do não, pelo qual Tsipras fez campanha, não alterou de forma significativa a situação do país nas negociações em Bruxelas; no segundo caso, com as medidas apresentadas pelo primeiro-ministro helénico, a Grécia está obrigada a cumprir o que antes era considerado inaceitável (ou ir mesmo mais além), para obter um terceiro resgate financeiro em cinco anos. Os dois anteriores totalizaram 240 mil milhões de euros, prevendo-se que, com um novo programa, o valor global chegue aos 320 mil milhões de euros, indicou a Reuters.

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