Como se limpa o espaço? Há uma missão para apanhar o lixo à volta da Terra
Fazer limpezas com um arpão ou uma rede? No espaço, são talvez as técnicas mais indicadas. É pelo menos essa a esperança de uma nova missão para limpar o lixo que orbita à volta da Terra, que foi lançada esta segunda-feira e deve chegar à Estação Espacial Internacional na quarta.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), há mais de 750 mil objetos com mais de um centímetro a orbitar a Terra. Naves e sondas defuntas, restos de foguetões usados, mas também parafusos e até pedaços de tinta solta - é deste tipo de lixo que falamos e, depois de seis décadas de exploração espacial, há mais de sete mil toneladas no espaço. A maioria foi gerada por mais de 250 explosões.
Este lixo é um perigo para os satélites e para as missões espaciais, nomeadamente para a Estação Espacial internacional (ISS, na sigla em inglês), e para operações futuras. Isto porque a uma velocidade média de 40 mil quilómetros por hora, o impacto gera uma energia semelhante à explosão de uma granada de mão.
Aliás, em 2014, a ISS teve de mudar de lugar três vezes para escapar a detritos espaciais. E há até uma teoria catastrofista, conhecida como síndrome de Kessler, que diz que o volume de detritos na órbita baixa está a crescer tanto que há o risco de se iniciar um conjunto de colisões que vai gerar mais detritos, até chegar a um ponto em afeta o futuro da exploração espacial, inviabilizado novos lançamentos.
Cerca de 18 mil pedaços são grandes o suficiente para serem monitorizados por agências como a ESA, para evitar colisões. E todos os anos cerca de 100 toneladas "caem" na Terra, desintegrando-se em chamas na reentrada na atmosfera. Mas nos últimos anos tornou-se óbvia a necessidade de desenvolver projetos de limpeza do espaço.
O projeto cofinanciado pela Comissão Europeia chama-se RemoveDebris e visa testar tecnologia para resolver este problema: com captura com arpão e com rede. A sonda partiu a bordo do SpaceX Falcon 9, em direção à ISS.