A correlação de forças no seio da CBI tem vindo a alterar-se nos últimos tempos com os partidários da caça à baleia a ganharem cada vez mais terreno à custa da entrada de países que acabam por fazer o "jogo" do Japão. Segundo algumas organizações ambientais, entre as quais a Greenpeace, esse acréscimo de influência acontece devido a alegadas ajudas ao desenvolvimento por parte dos nipónicos..A 61.ª reunião plenária da CBI (na sigla inglesa IWC) começa segunda-feira e prolonga-se até ao dia 26, na cidade do Funchal, no arquipélago da Madeira, região outrora caçadora de baleias, mas que, em 1981, a Empresa Baleeira da região, de forma voluntária, decidiu cessar a actividade, antecedendo, em cinco anos, uma decisão do Governo Regional..Em 1986, o Decreto Legislativo Regional 6/86/M proibiu a caça aos cetáceos, tornando os mares da Madeira até às 200 milhas um santuário para baleias, golfinhos e outros mamíferos, entre os quais o lobo-marinho.."O processo de mediação no interior da CBI, actualmente dividida em 50 por cento para cada lado, entre defensores das baleias e adeptos da sua caça, é uma questão que estará em discussão nesta 61.ª reunião, com vista a assegurar, no futuro, uma boa gestão e conservação desta espécie", disse à Agência Lusa o biólogo e director do Museu da Baleia da Madeira, Luís Freitas..Um dos assuntos também em debate será a revisão da Convenção Internacional para a Regulação da Actividade Baleeira, criada em 1946 com o objectivo de proteger os stocks de baleias na perspectiva de apoio à indústria baleeira e que provocou uma drástica redução na população mundial dos cetáceos..Por esta razão foi necessário criar em 1986 uma moratória, ainda em vigor, que proíbe a caça à baleia com objectivos comerciais mas que abre a sua permissão por motivos científicos, por grupos indígenas cuja subsistência dependa da carne da baleia e por países que se declarem isentos a este acordo que o Japão quer alterar, alegando que o equilíbrio foi reposto..Do programa consta ainda a abordagem de aspectos relacionados com as quotas de caça para as populações aborígenes e a criação de um santuário de baleias no Atlântico Sul há anos defendida pelo Brasil..O representante da Madeira na CBI adiantou à Lusa que "os trabalhos preparatórios e científicos correram muito bem mas o conteúdo dos mesmos é confidencial até ao dia 22"..A Noruega é o único país no mundo que se declara isento à moratória enquanto que o Japão e a Islândia, sob o pretexto da investigação científica, matam anualmente cerca de 2.000 baleias cuja carne atinge valores elevados no mercado alimentar..Os países defensores das baleias e as organizações ambientalistas consideram que a investigação científica não implica a matança de baleias e acusam o Japão de desenvolver práticas de caça comercial..Para contrariar esta prática, a Austrália, país defensor das baleias, criou, em 2008, um programa não-letal de investigação científica das baleias no Oceano Antárctico num investimento de seis milhões de dólares australianos (cerca de três milhões de euros)..Portugal aderiu em 2002 à Convenção Internacional para a Regulação da Actividade Baleeira, integrando, desde aquela data, a CBI como parte integrante.