Começou a prova oral de Carlos Moedas
Moedas vai estar sujeito também à avaliação de três eurodeputados portugueses que integram a comissão parlamentar que avalia as suas competências.
Para Carlos Zorrinho, do PS, "é fundamental perceber a firmeza, a determinação com que o comissário estará para pôr em prática o programa" que já foi previamente definido por Jean-Claude Juncker, quando "se sabe que a realidade é, um bocado, diferente das palavras".
Zorrinho quer ainda saber "se Carlos Moedas estará do lado dos cidadãos europeus e do Parlamento Europeu, na luta por um futuro mais baseado na nova indústria, na criação de empregos e no crescimento", ou se por outro lado, alinhará com o Conselho Europeu "numa lógica de cortes".
"Ao mesmo tempo que Juncker anunciou um programa mobilizador para a Europa", com uma verba de cerca de 80 mil milhões de euros, "o Conselho Europeu prepara-se para lhe cortar 5 mil milhões", lamenta Carlos Zorrinho, considerando que "a primeira prova de fogo" de Carlos Moedas será "impedir que o orçamento seja cortado".
No entanto, o socialista entende que o comissário indigitado "tem um histórico que o prejudica" em relação ao "peso político" e à capacidade para se afirmar perante os Estados-Membros no Conselho Europeu, temendo por isso que Moedas não seja capaz de evitar os cortes no orçamento para a Investigação, Ciência e Inovação.
Por sua vez, João Ferreira, o deputado do PCP, refere "a grande dotação orçamental" da pasta de Carlos Moedas entre os países mais pequenos, como Portugal, os seus "contribuintes líquidos", ou seja, "põem lá mais dinheiro do que aquele que lá vão buscar".
"Não é aceitável que Portugal seja um contribuinte líquido de um programa, do qual se aproveitam, sobretudo, os grandes países da União Europeia", lamentou João Ferreira, o qual vai questionar Carlos Moedas sobre "o que é que ele pensa fazer para garantir uma distribuição mais justa destas verbas para que, daqui a alguns anos, países como Portugal deixem de ser contribuintes líquidos do programa quadro de investigação".
"Mas, não podemos deixar de relacionar esta pergunta com aquilo que foi a ação de Carlos Moedas no Governo [português], em que conduziu um processo de avaliação das unidades de investigação que visou acabar com cerca de metade dos centros de investigação", antecipou o eurodeputado comunista.
Marisa Matias, a eurodeputada do Bloco de Esquerda, partilha do mesmo ponto de vista, lamentando ainda que o compromisso de Carlos Moedas, no âmbito das futuras funções, seja mais com "uma investigação virada para os mercados e dos produtos financeiros" e menos com "a desigualdade de acesso às instituições de investigação, nos diferentes países, ou as condições relativas ao emprego e dos direitos do trabalho dos investigadores".
A eurodeputada bloquista quer ainda que o futuro comissário responda sobre "questões relativas à salvaguarda das ciências fundamentais, das ciências sociais e das áreas das humanidades" que, diz, não são abordadas nas respostas que enviou por escrito ao Parlamento Europeu.