Combustíveis sobem mais em Portugal que na UE
Os combustíveis em Portugal estão entre os que mais subiram na Europa no ano passado. A conclusão é válida mesmo descontando o efeito do agravamento dos impostos, avaliando apenas as variações de preço fixadas pelas petrolíferas.
Portugal foi o segundo país da UE a aumentar mais o preço da gasolina no ano passado e, mesmo descontando os impostos, está no grupo dos quatro únicos países onde o preço deste combustível subiu , uma tendência que se mantém no início de 2007 (ver página do lado). Na maioria dos países da UE (20), o preço sem impostos da gasolina até desceu , reflectindo a acentuada queda do petróleo nos últimos quatro meses de 2006. A média ponderada na Europa desceu quase 4% (1,5 cêntimos por litro); em Portugal, a gasolina subiu 0,9% (0,4 cêntimos/litro), um acréscimo só superado pela Finlândia.
O preço médio semanal por país, com e sem impostos, é divulgado pela Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia. O preço sem impostos é fixado pelas petrolíferas e revela a dinâmica de cada mercado, descontando o efeito da intervenção dos governos. Analisando o preço final, com a carga fiscal incluída, a gasolina portuguesa continua a ser a segunda que mais subiu nos 25 Estados membros em 2006.
O gasóleo, por seu lado, foi o terceiro que mais aumentou, reflectindo o agravamento de 2,5 cêntimos por litro no imposto petrolífero. No gasóleo (sem impostos), a evolução é menos gravosa para o consumidor nacional, mas Portugal continua a fazer parte do grupo limitado de países, - oito em 25 - que registou um aumento no preço anual deste combustível (0,5%). Nos outros 17 membros da UE, o preço fixado pelas empresas desceu em 2006 - a baixa média foi de 1,8%.
Quando observamos como respondeu cada mercado à evolução das cotações do petróleo, verificamos que Portugal está no grupo de países onde os preços mais aumentaram na fase da escalada, até ao início de Agosto. Já quando o crude começou a baixar, o mercado português, embora tenha também reflectido estas baixas, não foi dos mais agressivos, ficando sempre na metade dos países que menos desceram os preços e aquém das médias europeias, quer na gasolina quer no gasóleo.
Esta conclusão, que resulta da comparação do preço médio, sem impostos, do mercado nacional com os valores médios dos outros países da UE, reforça o alerta deixado já na última newsletter sobre o mercado nacional de combustíveis da Autoridade da Concorrência. O documento que avalia o comportamento do mercado no terceiro trimestre do ano adverte já que os preços nacionais descem com menos intensidade do que a média dos mercados internacionais e que Portugal demora mais tempo a reagir.
Entre Janeiro e a primeira semana de Agosto, quando as cotações do crude bateram recordes, o preço sem impostos da gasolina subiu 33% em Portugal , o sexto maior aumento da UE e acima da média comunitária de 30,5%. No mesmo período, o diesel nacional aumentou 15%, outra vez a sexta maior subida e acima do acréscimo médio de 14,6%. Após o pico do petróleo, as cotações desceram de forma sustentada até ao final do ano, o que se reflectiu na evolução dos combustíveis. Os preços nacionais, sem impostos, baixaram 24%, menos que a média europeia (- 26%), embora o país esteja a meio da tabela em termos de descidas. No gasóleo, Portugal está entre a metade que desceu menos o preço final (12,8%) e com uma baixa inferior à média da UE (14,3%).