Comandante da Proteção Civil posto em causa
"Não defendo a demissão de ninguém. Mas quem faz declarações públicas de que errou e de que sabe perfeitamente que não pode errar porque, a partir do erro dele, há um conjunto de hierarquias a errar, tem que fazer a análise da sua consciência e do seu sentido de responsabilidade para saber se tem condições para continuar", defendeu Jaime Soares.
A posição do presidente da Liga dos Bombeiros surgiu na sequência da admissão, em declarações à RTP, pelo comandante operacional da Proteção Civil, Vítor Vaz Pinto, de que "houve falhas" no combate ao incêndio que lavrou durante quatro dias na Serra do Caldeirão, entre Tavira e São Brás de Alportel.
No domingo, o presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) manifestou, em comunicado, "total disponibilidade e colaboração" para apurar a eventual "falta de coordenação operacional" no incêndio de Tavira e de S. Brás de Alportel.
A posição de Arnaldo Cruz foi tomada depois de o presidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, ter proposto a instauração de um inquérito à eventual "falta de coordenação operacional" no combate ao incêndio.
Segundo explicou em comunicado, a disponibilidade é "alicerçada" no facto de a ocorrência de incêndio ter sido acompanhada e considerada pela Proteção Civil como grande relevância, pela necessidade de manter a credibilidade do trabalho da ANPC e da confiança na estrutura de comando.
Nas declarações hoje prestadas à Lusa, Jaime Soares diz não compreender a posição de Arnaldo Cruz.
"Perante um conjunto de situações destas, o senhor general não pode vir dizer que está disponível. Ele tem é que assumir imediatamente a responsabilidade do lugar que ocupa", sublinhou.
Segundo Jaime Soares, cabe ao presidente da ANPC a obrigação de mandar instaurar um inquérito para apurar tudo o que se passou, bem como "tirar ilações da declaração de erro do seu principal colaborador".
"O meu pedido de inquérito é para salvaguardar a verdade e a clarificação de todo este processo e não deixar que seja beliscado o nome daquelas mulheres e daqueles homens que possam ser apontados como corresponsáveis de um falhanço, já que se limitaram a chegar ao teatro de operações e a cumprir ordens", concluiu.
O incêndio da Serra do Caldeirão deflagrou cerca das 14h00 de quarta-feira em Catraia, na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira.
As chamas só seriam dominadas ao final da tarde de sábado, depois de um prolongado combate que chegou a mobilizar mais de 1100 operacionais, 13 meios aéreos e mais de duas centenas de veículos.
A Proteção Civil admite que o rescaldo se prolongue por vários dias.