Com a moto 125 até dá para andar na auto-estrada
A vespa estava estacionada junto aos sacos de carvão, mas é raro o dia em que José Pereira, de 68 anos, não guie a sua mota. De Dona Maria, em Caneças, Odivelas, onde mora, até Lisboa, Sintra e Cascais, a125 cinzenta serve para cobrar cheques a clientes, ir ao banco, visitar fornecedores. Tem a carta de ligeiros e até de pesados, mas agora prefere a mota. "Não há nada que chegue a isto para andar em Lisboa", explicou ao DN. "Só quando vou descarregar o carvão é que levamos a carrinha", adiantou.
Não tem carta de moto e licença que antes usava para conduzir uma 50 já não é necessária. Com a nova lei, qe permite a maiores de 25 anos conduzir motos até 125 de cilindrada com a carta de ligeiros, o único requesito necessário é "bom senso", diz José.
Este motociclista, que fez a compra da sua 125 em Julho, um mês antes da lei ser promulgada, para evitar um cenário que já se adivinha - haver ruptura no stock - só encontra vantagens ao comando da sua scooter. "Não há filas, não há preocupações para estacionar e há uma sensação de liberdade. É um escape", disse. E o facto de ser uma moto 125 cc permite "que ande numa auto-estrada e passe a ponte, enquanto as 50 nem nos IC podiam circular" , explicou, satisfeito com a nova lei.
A sua mota está moldada às suas necessidades: aplicou uma bagageira e lá guarda o segredo para os dias de chuva: o fato impermeável. "Não entra água nenhuma." Usa também um para-brisas que evita que algumas pedras e bichos o atinjam.
Ao guiador, José segue atento. "Não dou mais dos 70 quilómetros ou 80 se for numa via rápida, é preciso sempre muito cuidado."