Colóquio sobre António Botto e Fernando Pessoa estreia documentário sobre o poeta de "Canções"
O documentário "À Procura de António Botto", de autoria de Margarida Almeida Bastos e realizado por Cristina Ferreira Gomes, estreia-se no sábado à tarde, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, um dos espaços que acolhe esta iniciativa.
O documentário sobre António Botto, que foi também autor de teatro e de várias letras para fado, tem cerca de 50 minutos e é produzido pela RTP2.
O colóquio, organizado por Nuno Ribeiro, do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, da Universidade Nova de Lisboa (UNL), e por Margarida Almeida Bastos, investigadora no Museu de Lisboa, abre na sexta-feira na Biblioteca Nacional de Portugal.
Em declarações à agência Lusa, Margarida Almeida Bastos afirmou que, "sendo António Botto um poeta pouco conhecido e até estudado", espera que este colóquio "traga novas abordagens" à sua obra, destacando as relações literárias entre os dois poetas.
O colóquio realiza-se quando passam 60 anos sobre a morte de António Botto e, entre os participantes, conta-se Anna M. Klobucka, professora no Departamento de Português da Universidade de Massachusetts Dartmouth, nos Estados Unidos, onde ensina principalmente literatura portuguesa e literaturas africanas em língua portuguesa.
Anna M. Klobucka é "uma das mais reputadas especialista em Botto", disse a coorganizadora, referindo o seu livro, publicado no ano passado, "O Mundo Gay de António Botto".
Segundo Margarida Almeida Bastos "há inúmeras referências explícitas e implícitas que nos permitem constatar o diálogo entre António Botto e Fernando Pessoa"
Fernando Pessoa interessou-se pela poesia de Botto, e tanto na obra poética como em prosa, encontram-se "referências crítico-literárias à obra pessoana".
O colóquio, na sexta-feira, conta com a participação, entre outros, de Fernando Cabral Martins, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que falará sobre "O Estilo Moderno em António Botto", Fernando Curopos, da Universidade Sorbonne, de Paris, com a comunicação "Fernando Pessoa e António Botto nas ruas de trás", e de Maria Lúcia Outeiro Fernandes, da Universidade Estadual de S. Paulo, no Brasil, que abordará "O imaginário decadentista e os procedimentos dramáticos na poética de António Botto".
Nuno Ribeiro, um dos organizadores do colóquio, apresenta a comunicação "António Botto & Fernando Pessoa: Ficcionalização da crítica e o problema da sinceridade".
No sábado de manhã, o colóquio decorre no Museu de Lisboa-Palácio Pimenta, participando, nesse painel, entre outros, Margarida Almeida Bastos, com a comunicação "A Lisboa de António Botto", Alexandra de Brito Mariano, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, e José Joaquim Dias Marques, doutorado pela universidade, que falarão dos "Passeios numa Lisboa noturna: para uma cartografia da poética de António Botto".
Anna M. Klobucka, que coorganizou os volumes "After the Revolution: Twenty Years of Portuguese Literature 1974-1994", apresenta a comunicação "Pessoa leitor de Botto".
Este ano, a Imprensa Nacional publicou, de Fernando Pessoa (1888-1935), o volume "Mensagem e Poemas Publicados em Vida", numa edição crítica do filólogo Luiz Fagundes Duarte.
Em novembro do ano passado, foi editada pela Assírio & Alvim toda a poesia de António Botto, publicada entre 1921 e 1959, incluindo os versos políticos, numa edição do escritor Eduardo Pitta, que assina a introdução.
O livro, intitulado "Poesia", inclui as célebres "Canções", um conjunto de quinze livros, a publicação póstuma "Ainda Não se Escreveu" e uma sequência de poemas em prosa, intitulada "Cartas Que Me Foram Devolvidas".