Colin Angle: "Cuidar de idosos é grande oportunidade para robôs"
Há apenas 3 anos, no site iRobot, a sua posição era que era melhor ter dois robôs em vez de um para aspirar e lavar. Mas agora estão a apostar tudo nos combos. O que mudou?
O cliente quer os combos. E eu percebo porquê: é só um robô, não dois. Mas não íamos fazer um robô combinado que arriscasse agarrar no lixo todo que esfregou e levá-lo para o tapete. Por isso, temos uma solução em que se troca [manualmente] a mopa, e que nunca vai ao tapete. É um compromisso, é mais acessível. Depois, a promessa da solução automática completa: isso levou-nos alguns anos. Há 3 anos, estávamos ainda a desenhar esta estratégia transformadora.
Quanto tempo demorou para chegar a esta solução, de colocar a esfregona sobre o corpo do robô?
Foram mais de 3 anos. Devem ter sido uns 10 designs diferentes que prototipámos. Mas esta solução é tão elegante - não só se usa a parte superior do robô, como há a capa da mopa, que se vira para cima e a esfregona em si é removível. Limpar o robô é incrivelmente fácil. Depois de todos os testes foi: "OK, agora tenho de fazer um mecanismo complicado para deslizar a mopa para fora, erguê-la, movê-la e depois colocá-la para baixo." E por fim... quanto isso vai custar?
E não sei se sabe: o engenheiro que foi o principal projetista desse mecanismo, antes de trabalhar para mim, trabalhou para a NASA nos diferentes Mars Rovers. Foi preciso um pouco de verdadeira criatividade. Mas sem este sistema, o seu robô não é um robô de limpeza, é um sistema de distribuição de germes!
E quando é que finalmente veremos um iRobot fora de casa, por exemplo, no jardim? Era uma promessa que tinha feito.
Prometi, sim. Falamos do cortador de relva, claro. [Risos]
Exatamente!
Há cortadores de relva [robóticos] no mercado, mas exigem que se enterre um fio, fica muito complicado. Não gostamos disso. A nossa solução técnica foi colocar estacas no terreno que servissem de farol... mas à medida que desenvolvemos isso, tornou-se cada vez mais complicado. Estávamos a encontrar soluções e veio a covid. Os recursos que tínhamos para lançar um novo produto foram reduzidos. E eu ainda não adorei [a solução] do farol, pelo que precisávamos de fazer mais desenvolvimento. Mas o cortador de relva não está morto!
E quando vem algo diferente? Um robô para pôr a louça na máquina?... [Risos] Algo com braços, para ajudar na cozinha, por 999€?
[Risos]. O meu maior arrependimento é não termos ainda encontrado a próxima grande aplicação e ter sido capaz de dimensioná-la. Ainda estamos no chão, com aspiradores robôs, mas pode-se ver a progressão da tecnologia. Pode ver a iRobot a investir na maior compreensão do ambiente no robô que está a operar a preço [mais baixo] para o consumidor. E isso beneficia os [aspiradores] Roomba, mas também a indústria.
Faz sentido fazer algo com um braço? Ou vários? Acho que há três opções: a sua ideia, colocar pratos na máquina; a lavandaria; e apanhar coisas do chão. Lavandaria, é dobrar e engomar. Penso que tudo isto virá. São boas ideias. A questão é se a tecnologia está pronta e quanto pagaria? Eu acho que 999€ é OK. 59 999€ não é OK. Sim, poderíamos fazê-los, mas nunca daria um negócio hoje.
Agora eu penso, e já falámos sobre isso: cuidados com idosos é a grande oportunidade para os robôs fazerem a diferença, é o valor de viver de forma independente por mais um ano, mais três anos. Isso é uma extensão lógica da compreensão do lar e da manipulação física.