Coligações, quotas e reforma da IL dividem candidatos

Rui Rocha rejeita liminarmente coligações em que entre o Chega, mas Carla Castro e José Cardoso não. Todos defendem redução de quotas e reforma interna, mas com muitas <em>nuances</em>.
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Na reta final da campanha para a liderança da Iniciativa Liberal, a eleição acontecerá no próximo fim de semana (20 e 21), os candidatos à sucessão de João Cotrim Figueiredo acentuam as diferenças de projeto e o modo como olham para o partido. Nesta segunda-feira, em debate na TSF, Rui Rocha, Carla Castro e José Cardoso falaram mais para os membros da IL do que para o país e a reestruturação do partido, o sistema de quotas e as futuras alianças com outras forças políticas foram os pontos que suscitaram maiores divisões.

Das coligações, Rui Rocha foi o único a rejeitar liminarmente qualquer entendimento com o Chega , mesmo que essa venha a ser a única via para um governo alternativo ao do PS.

O candidato admitiu que o PSD é o partido com quem será possível dialogar para uma solução de poder, desde que haja um caderno de encargos bem definido. Caderno que, entre outras coisas, limite a despesa pública e a carga fiscal à percentagem do PIB, tal como integrará uma cláusula que determinará que nenhum acordo será feito "com partidos extremistas" como nos Açores. Recorde-se que na região autónoma, o governo no poder é de coligação entre PSD, CDS e PPM, com acordo de incidência parlamentar com a IL, Chega e deputado independente (ex-Chega). Rui Rocha nem se quis comprometer com a ideia da IL exigir integrar um governo, dizendo que "depois se verá" qual a melhor forma de fazer chegar este caderno de encargos à governação.

Os seus adversários - Carla Castro e José Cardoso - não querem fechar essa porta ao partido de André Ventura. A deputada e candidata à liderança escudou-se na ideia de que "os Açores estão melhores pelo acordo com o PSD" e que qualquer acordo será com o "PSD". Ou seja, que poderá ser replicado o modelo à escala nacional em futuras legislativas.

José Cardoso ainda foi mais explicito: "Não tenho dúvida que aquele acordo foi bom e deve ser replicado". Mais: "Seja com quem for, a IL tem de estar preparada para influenciar as decisões." O candidato, que é conselheiro nacional do partido, bate-se pela ideia de que a IL tem de se afirmar como "partido de governo" ou então desaparecerá como outros.

Um dos temas que parece ter grande impacto interno e, por isso, foi amplamente explorado pelos candidatos, foi o do financiamento e respetivo regime de quotas praticadas e a sua repartição pelos núcleos do partido.

Rui Rocha defendeu a redução das quotas de 60 euros anuais (há uma quota mais baixa para os jovens) para 40 euros, justificando que há quem tenha dificuldade de se tornar membro da IL pelo valor mais alto das quotas do que a dos os outros partidos. O candidato prometeu um maior financiamento dos núcleos, que passariam a receber 26 euros por cada membros em vez dos 20 atualmente.

Carla Castro também se predispôs a uma quota mínima de 30 euros, mas bateu-se pela ideia de que é preciso ouvir as estruturas do partido sobre essa matéria e de que é preciso diversificar as fontes de financiamento da IL. Já José Cardoso recordou que há três anos apresentou uma proposta para atribuir 100% dessas quotas aos núcleos.

Todos se manifestaram a favor da reforma interna para favorecer o crescimento eleitoral e prometeram melhores formas de comunicação, mas a visão sobre o funcionamento atual da IL dividiu-os.

José Cardoso entende que há 7 ou 8 meses, após o crescimento da bancada de um para oito deputados, o partido "começou a falhar no projeto interno" de se implantar no país. E Carla Castro apelou sempre à gestão descentralizada do partido, envolvendo os núcleos nas decisões. Rui Rocha admitiu que o partido "tem muita coisas para transformar".

paulasa@dn.pt

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