Coletes amarelos. Lusodescendente atingido no olho
A 11.ª manifestação semanal dos coletes amarelos acabou mal para Jérôme Rodrigues. O lusodescendente, um dos protagonistas do movimento coletes amarelos, é a mais recente vítima da polícia francesa, que tem sido alvo de críticas pela forma desproporcionada como tem utilizado balas de borracha. Até dia 24, o jornalista David Dufresne contabilizou 16 pessoas que perderam a vista durante as manifestações.
Rodrigues filmava os momentos de tensão entre manifestantes e a polícia, na Bastilha, quando foi atingido ou por uma bala de borracha ou por uma granada lacrimogénea GLI F4 (só as forças policiais francesas usam este tipo de munições).
Aqui, na perspetiva do jornalista Clément Lanot:
Já no hospital, Jérôme Rodrigues publicou uma foto e afirmou que iria perder o olho.
O ativista, filho de um português e de uma francesa, defendeu sempre as manifestações pacíficas. "É o fim das manifestações que correm mal. Depois, digo-o, há quatro tipos de vândalos: fascistas, antifascistas, black blocks e escumalha suburbana. Querem apanhar polícias, querem lutar, e outros querem pilhar e roubar. Eu, obviamente, não o apoio. Nós manifestamo-nos, não podemos controlar aqueles que vêm no final da manifestação para lutar contra a polícia", disse em recente entrevista ao Lusojornal.
Este incidente ocorre no dia em que o ministro da Administração Interna, Christophe Castaner, havia prometido "transparência" na atuação policial, com o funcionamento de câmaras nos agentes equipados com armas que disparam balas de borracha. O tribunal administrativo de Paris rejeitou na sexta-feira o pedido de proibição destas armas, ação que tinha sido iniciada pela Liga dos Direitos do Homem e da central sindical CGT.
Alexis Corbière, porta-voz do líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, criticou no Twitter a atuação da polícia. "Nada pode justificar estes atos de violência por parte das forças da ordem! Toda a minha solidariedade para Jérôme Rodrigues, ferido devido às suas ideias."
O ministro Christophe Castaner e o secretário de Estado Laurent Nunez deram ordens para se avançar com um inquérito às circunstâncias do sucedido.
Segundo dados oficiais, os coletes amarelos juntaram 69 mil pessoas em toda a França. Na semana anterior manifestaram-se 84 mil.