Colégios querem manter o exame de Inglês eliminado pelo ministério

Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo está a discutir com a universidade inglesa a manutenção da prova neste ano letivo
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Foi apenas há uns dias que o Ministério da Educação confirmou o fim da aplicação do Preliminary English Test (PET), de Cambridge, que neste ano letivo iria pela primeira vez servir de exame nacional à disciplina de Inglês para todos os estudantes do 9.º ano de escolaridade. Mas os colégios privados já estão a negociar com a universidade inglesa a continuidade destas avaliações para os seus alunos. A meta é garantir a prova para 10 a 15 mil estudantes ainda este ano.

"Estamos em negociações com Cambridge. Já houve contactos telefónicos e há reuniões agendadas", confirmou ao DN Rodrigo Queirós e Melo, diretor executivo da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), segundo o qual a meta será "manter as condições" que tinham sido acordadas entre o ministério e a instituição britânica. "O nosso objetivo será manter o valor, mas naturalmente dependerá das negociações", admitiu.

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Há diferenças: no acordo previsto para as escolas públicas, os alunos não tinham de pagar qualquer verba, a menos que pedissem (antecipadamente)o certificado do nível atingido caso chegassem a um patamar que lhes permitisse obter essa certificação. No caso dos colégios, admitiu, "deverá sempre existir um valor a pagar. Provavelmente, o pagamento do certificado será assumido por "defeito", explicou. O valor - caso os colégios tenham sucesso na negociação -, serão os mesmos 25 euros que o Instituto de Avaliação Educacional (IAVE), do Ministério da Educação, cobrava, para entregar à universidade, por cada certificado (ver caixa).

400 escolas abrangidas

A AEEP projeta abranger "um universo de 400 escolas com 3.º ciclo e secundário", disponibilizando os testes quer a "cerca de 15 mil alunos do 9.º ano" quer "aos estudantes do secundário, sobretudo do 10.º ano, que pretendam também realizá-lo". No total poderão estar em causa até 39 mil alunos, mas as expectativas apontam para que "no primeiro ano seja razoável prever 10 a 15 mil alunos".

As ambições vão mais longe e a AEEP espera também "no futuro" poder negociar com Cambridge a realização de testes para certificação de estudantes no final do ensino secundário, com um grau superior: "O objetivo final seria ter um First Certificate no final do básico e o Proficiency in English no final do secundário", explicou Rodrigo Queirós e Melo.

Esta era, recorde-se, também a ambição assumida pelo diretor do IAVE, Helder de Sousa. Ambos os certificados são reconhecidos internacionalmente, quer para o acesso a postos de trabalho que exigem o domínio de inglês quer para a frequência universitária no estrangeiro. Mas o Proficiency in English tem um nível bastante superior e é considerado uma mais--valia, sendo exigido por algumas instituições mais disputadas.

Outra condição negociada para as escolas públicas que a AEEP espera ver mantida no acordo é a gratuitidade dos certificados para alunos carenciados. No universo de escolas que representa - em particular nos colégios com contratos de associação - também existem muitos alunos de famílias com baixos rendimentos: "Esperamos manter a gratuitidade para todos os alunos do escalão A da Ação Social Escolar, com os estudantes do escalão B a pagar metade do valor", explicou.

"Ainda antes de o ministério ter negociado com Cambridge, já tinhamos interesse em dar esta ferramenta aos nossos alunos. Mas agora acabamos por poder negociá-la em condições muito mais vantajosas", resumiu.

Fim não foi consensual

A decisão do ministro Tiago Brandão Rodrigues de acabar com os testes, no âmbito das alterações às avaliações e aferições, foi aplaudida pelos sindicatos e associações de professores, que criticavam - entre outros aspetos - o facto de, por força das regras de Cambridge, os resultados dos testes não poderem ser divulgados. Mas a Confederação Nacional das Associações de pais criticou a medida.

Falta ainda saber se o ministério e o IAVE poderão ter de indemnizar a universidade pela quebra do que estava acordado. Questionado pelo DN, Helder de Sousa não quis pronunciar-se sobre essa hipótese, dizendo que essa é "matéria interna" a gerir pelas partes.

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