Coimbra deixa no silêncio centenário de Paulo Quintela

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Na Crise Académica, em 1969, foi dos primeiros professores da Universidade de Coimbra a juntar-se à luta das jovens almas censuradas. "Milhares de estudantes", reunidos em Assembleia Magna, receberam o tradutor de Brecht com "um trovoada indescritível de aplausos", lembra Celso Cruzeiro no livro Coimbra, 1969. Se fosse vivo, Paulo Quintela faria hoje cem anos. Um centenário que a cidade e a Universidade, onde trabalhou longos anos, esqueceram.

O filho de um pedreiro bragançano que passara a "vida inteira a arrancar pão às pedras", na intervenção que fez durante o doutoramento, em 1948, recordou essa "humildade" da sua origem, e prometeu "servir a livre Cultura, e, por esta, a minha Pátria e o meu Povo". E manteve esse caminho até ao fim.

Do seu vasto legado ficam as traduções de obras de Rainer Maria Rilke, Bertolt Brecht, Nelly Sachs, etc., em reedição agora pelas Edições Asa. Graças a Paulo Quintela, assinala Óscar Lopes, muitos portugueses tiveram o privilégio de ler alguns dos maiores poetas de língua alemã, curiosamente traduzidos por um homem "cujos interesses giraram sempre em torno do realismo social". A Paulo Quintela deve-se ainda a recriação artística do teatro vicentino em termos de modernidade, durante a sua passagem pelo TEUC, e a estreia em Portugal de Antígona e Medeia.

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