Coelho passa a estar em perigo. Lista Vermelha tem mais de 30 mil espécies ameaçadas

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) apresentou a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas atualizada e pediu "ação rápida" para combater a degradação de ecossistemas.
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O coelho-europeu, que tem no território português um dos seus habitat, passou do estatuto de "quase ameaçado", categoria que se mantinha desde 2008, para "ameaçado de extinção", na atualização da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

O coelho-europeu pertence originalmente a Portugal, Espanha e sul de França. Apesar de ter sido introduzido em vários outros territórios, a situação agravou-se em território natural. "Um novo surto da doença hemorrágica viral dos coelhos causou declínios estimados da população que chegam aos 70%", refere o comunicado da UICN.

Esta situação tem consequências não só para os próprios coelhos, mas também para outras espécies ameaçadas que dependem deste mamífero para se alimentarem.

"Engenheiro de ecossistemas e espécie-chave, [o coelho] é uma presa essencial para o lince-ibérico (Lynx pardinus), em perigo, e para a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), em estado vulnerável", sublinha a UICN.

A atualização da Lista Vermelha da UICN foi divulgada para coincidir com a realização em Madrid da 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

Com a introdução de novas 1.840 espécies em 2019, a Lista Vermelha reúne agora 30.178 espécies ameaçadas.

A UICN alerta, em comunicado, para as múltiplas ameaças que animais e plantas selvagens enfrentam, a que acrescem os crescentes impactos das alterações climáticas, pelo que é preciso uma "ação rápida"."As alterações climáticas juntam-se a múltiplas ameaças que as espécies enfrentam e devemos agir rapidamente e de forma decisiva para conter a crise", advertiu Grethel Aguilar, diretora geral da UICN citada no comunicado.

Num relatório sem precedentes, a Plataforma Intergovernamental Científica e Política sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistémicos (IPBES) listou em maio passado os principais fatores da queda acentuada da biodiversidade, com destaque para as mudanças na utilização da terra (como a agricultura), a sobre-exploração (caça e pesca), as alterações climáticas, a poluição e as espécies invasoras, tudo tendo como pano de fundo o crescimento demográfico e o aumento do consumo por habitante.

"A atualização (da Lista Vermelha) revela o impacto cada vez maior das atividades humanas na vida selvagem", diz Jane Smart, que dirige o grupo da conservação da biodiversidade na UICN.

A UICN aponta como impactos das alterações climáticas aqueles sofridos pelos peixes fluviais da Austrália, 37% dos quais estão ameaçados de extinção. Ou os eucaliptos, com 25% das espécies do mundo ameaçadas.

No documento a UICN destaca 10 espécies de aves e dois peixes de água doce para os quais a situação melhorou.

Mais de 112.000 espécies estão listadas na Lista Vermelha, em diferentes níveis de preocupação.

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