Coche dos Oceanos voltou a sair à rua
Quando entramos no dito antigo Museu dos Coches, salta-nos à vista a imensa viatura coberta de talha dourada que ocupa a posição central no museu. É o Coche dos Oceanos, que fazia parte do conjunto dos cinco coches temático e dos 10 de acompanhamento que integraram o cortejo da Embaixada enviada por D.João V ao Papa Clemente XI, em 1716. E que, juntamente com o coche "Embaixador" e "Coroação em Lisboa", da mesma coleção, representam o ex-líbris do Museu Nacional dos Coches. Este coche que era puxado por oito cavalos e em que cada detalhe tem um significado, é também um elogio aos descobrimentos. Carregado de simbologia, cinco figuras são alusivas a esse feito, sendo desta forma, representada uma alegoria: as duas figuras da frente simbolizam a ligação entre os Oceanos Atlântico e Índico, que os portugueses realizaram com a passagem do Cabo da Boa Esperança, atrás, Apolo glorifica o feito ladeado pelas figuras da primavera e do verão.
Passavam poucos minutos das 10:30 da manhã, quando o excêntrico Coche dos Oceanos, começou a ser embrulhado em espuma de polietileno, como se de um presente se tratasse. Pouco a pouco, o veludo vermelho do exterior desapareceu, assim como a talha dourada que reveste todo o coche, para dar lugar a um embrulho branco, de onde apenas as rodas, não fizeram parte. Eram cerca das 12:00, quando o coche começou a ser transferido para o novo museu. Numa passagem pela porta que foi feita ao milímetro, com o auxílio de rodas, um empilhador e a força de 10 homens - note-se que o coche pesa cerca de 2 toneladas - foram precisos vários minutos para que o coche sentisse o ar da rua.
O trânsito parou por instantes e os turistas e locais que por ali passavam também. É um momento quase inédito, sendo a segunda vez que o coche sai do Museu - e todas as câmaras estão apontadas. O coche saiu à rua e os automóveis pararam para dar lugar à emblemática viatura.
É transportado numa zorra (tipo de transporte de veículos pesados) e chega ao novo edifício do Museu Nacional dos Coches por volta das 14:00. Depois é colocado numa plataforma que o levará até ao primeiro andar. Aqui chegado, ocupa novamente lugar de destaque, no meio da sala onde depois será ladeado pelos dois coches da mesma coleção.
Para Nuno Vassallo e Silva, diretor-geral do Património Cultural, esta transferência comporta um lado prático mas também um lado simbólico na medida em que "realmente era preciso transportar o coche para o novo edifício, e esta é uma das últimas peças a serem transferidas porque é como uma passagem de testemunho". A partir de dia 23 poderá ser apreciado pelo público no novo Museu dos Coches.