Cobre, aço e ferro: produção a mais e crescimento a menos

Economia chinesa vai ditar evolução do preço das matérias-primas. Ouro pode cair abaixo dos mil dólares
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Muito do que irá passar-se em 2016 nas matérias-primas dependerá da evolução da economia chinesa", sintetiza Ricardo Marques, analista da IMF - Informação de Mercados Financeiros. "Criou-se uma capacidade produtiva global para uma procura que não existe" e "sem uma aceleração do crescimento global", algo que equilibraria a relação entre oferta e procura, é de esperar "o fecho de unidades produtivas" ao longo de 2016. Mas esta tendência será evitada ao máximo pela China, detalha. "Nalguns casos, como o aço, alumínio e outros metais, o excesso de capacidade está na China, havendo grande dificuldade social e política em fechar unidades de produção." Esta resistência, diz Ricardo Marques ao DN, torna "difícil projetar subidas significativas na maioria das matérias-primas, sendo as agrícolas as que maior probabilidade têm de causar surpresa", já que dependem muito do clima. Também João Queiroz, diretor de negociação da GoBulling - Carregosa, realça que as matérias-primas base para a indústria, casos do ferro, do cobre ou do aço, têm cotações mais dependentes "dos ciclos económicos", estando assim ligadas aos níveis de investimento. Uma dependência que faz que estas cotações estejam muito associadas à evolução dos grandes espaços económicos, explica, como "a China, Índia e a Europa".

Preço do ouro em queda

O ouro deverá em 2016 voltar a negociar "abaixo dos cem dólares/onça". É essa a convicção de Ricardo Marques, administrador da IMF, que sublinha que, "com a expectativa de subida de taxas nos EUA", o dólar deve entrar numa tendência de apreciação face às outras moedas. Este fator, conjugado com um "apetite investidor em baixa", faz que "pareça cada vez mais provável" que o preço do ouro caia.

Já o diretor da GoBulling - Banco Carregosa lembra que "as divisas mais correlacionadas com os países exportadores de matérias-primas e de economias mais baseadas no setor primário agrícola terão dificuldade em quebrar a relação de apreciação (ou depreciação) da sua divisa". João Queiroz dá como exemplo a Austrália e a Nova Zelândia, países que dificilmente conseguirão "uma apreciação das suas moedas sem recuperação das principais mercadorias exportadas como minerais e agrícolas, respetivamente".

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