Clubes exibem saúde financeira mas acordos acabarão renegociados
O que vão fazer Benfica, FC Porto e Sporting com tantos milhões recebidos pelos direitos televisivos? Abater o passivo é uma "redundância técnica" - as sociedades anónimas desportivas (SAD) dos "três grandes" estão mesmo obrigadas a isso -, mas este encaixe também servirá para mostrarem vitalidade financeira (em bolsa e fora dela), analisa Paulo Reis Mourão, professor de Economia na Universidade do Minho. No entanto, não vale a pena fazer as contas a 400 ou 500 milhões em bruto: tanto o docente universitário como Nuno Santos, diretor de conteúdos da Multichoice para o mercado de língua portuguesa, acreditam que "após três ou quatro anos os contratos serão reavaliados e renegociados".
"Não podemos ver estes contratos de forma estanque. Passados três ou quatro anos, todos serão revistos, sejam por vontade dos clubes ou das operadoras, e poderão envolver novos ativos, como o naming dos estádios, por exemplo", aponta, ao DN, Paulo Reis Mourão, especialista com trabalhos publicados na área da economia e gestão do desporto. Nuno Santos faz a mesma ressalva, lembrando que "dez anos é muito tempo", tendo em conta a "evolução tecnológica" e "novas formas de acesso aos conteúdos" que entretanto poderão surgir. "O contrato do Benfica é de três anos, renovável até um total de 10. Nos de FC Porto e Sporting [cujos detalhes ainda não são conhecidos] deveremos estar a falar do mesmo", diz o antigo diretor de informação da RTP e diretor de programas da SIC.
A evolução do mercado e da forma como se vê televisão - até em novos formatos como o streaming, legal ou ilegal - é que ditará o futuro dos contratos milionários de Benfica, FC Porto e Sporting. Afinal, "ninguém sabe como será a vida daqui a dez anos" nem "o impacto que estes negócios terão no consumidor", lembra Nuno Santos, ao DN. "As empresas, por um lado, e os clubes, por outro, tratarão de os reavaliar", acrescenta o responsável da Multichoice.
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