Clubes dedicam números para homenagear heróis da bola

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Futebol. Ver a camisola que se envergou durante anos retirada, pelos serviços prestados ao clube, é das maiores glórias que um atleta pode alcançar. Há ainda emblemas que por terem grupos de adeptos fervorosos lhes dedicam um número. No final, o que importa é reconhecer os que mais suaram o equipamento

Única camisola retirada no nosso País foi a de Fehér

No ano de 2000, o Nápoles, clube italiano que disputa actualmente a Série A, decidiu homenagear Diego Armando Maradona da melhor maneira possível: A partir desse ano, mais nenhum jogador do clube pôde usar a mítica camisola 10 de El Pibe. Os napolitanos bem podem agradecer a Maradona, pois enquanto o argentino esteve no clube, este conquistou dois scudettos (87 e 90), uma taça de Itália (87), foi o melhor marcador da época 87/88 (com 15 golos), venceu uma Taça UEFA (89) e ainda uma Supertaça italiana no ano seguinte.

Ídolo em Nápoles, El Pibe foi ainda maior para o seu país, e a Federação Argentina de Futebol pretendeu também retirar o número 10 da selecção em Outubro de 2001. A proposta esbarrou nas leis da FIFA: Para o Mundial de 2002, na Coreia do Sul e Japão, a Federação Argentina (AFA) apresentou uma lista de jogadores do 1 ao 24, omitindo o número 10. A FIFA rejeitou a lista alvi-celeste e o presidente do organismo, Joseph Blatter, sugeriu que o número fosse dado ao terceiro guarda--redes da equipa, Roberto Bonano. A AFA decidiu apresentar, então, uma lista revista com Ariel Ortega, que era originalmente o 23, a ficar com o 10 de Maradona.

Mas a tradição de homenagear os atletas com a retirada das suas camisolas até nem é original do futebol. Já há muito que é feita, nomeadamente no desporto norte-americano. No desporto-rei, é prática recente, até porque só a partir dos anos 90 é que os números das camisolas começaram a ser usados livremente.

Antes era típico dar--se aos jogadores titulares números de 1 a 11, conforme a posição em que jogassem, e os suplentes ficavam com os números do 12 para cima. Ou seja, um jogador podia utilizar vários números durante a época conforme a táctica dada pelo treinador ou se não fosse um habitual titular.

Lembrar os feitos

A retirada do número de um jogador normalmente ocorre quando este deixa a equipa ou se retira. Noutros casos, como o de Marc-Vivien Foé, David di Tommaso, António Puerta ou Miklós Fehér, os números foram retirados postumamente para honrar um jogador que morreu em circunstâncias trágicas enquanto activo.

O caso de Miki Fehér é o único exemplo de uma camisola retirada no futebol português. A 25 de Janeiro de 2004, durante um jogo com o Vitória de Guimarães, o húngaro sofreu uma paragem cardíaca, morrendo no dia seguinte. Tinha 24 anos. Em sua memória, o Benfica retirou o número 29, que não pode nunca mais ser envergado por outro jogador.

Com a morte de Antonio Puerta, o Sevilha de Espanha também retirou a camisola 16, em honra do jogador. Mas como as leis do futebol dos nossos vizinhos exigem números seguidos do 1 ao 25, a camisola passou a ser envergada por David Prieto, defesa dos andaluzes, que era um amigo próximo de Puerta.

Outros jogadores, além de Maradona, foram homenageados com a retirada das suas camisolas, como Johan Cruijff (Ajax, da Holanda), Romário (Vasco da Gama, do Brasil) , Aldair (AS Roma, de Itália) ou Roberto Baggio (Brescia, de Itália) pelo seus feitos e pelo que significaram para o clube.

No caso do italiano Gianfranco Zola, que actuou no Chelsea, o seu número 25 não foi oficialmente retirado de circulação. Mas desde que este saiu do clube londrino, mais nenhum jogador envergou o seu número nas costas.

Lembrar os adeptos

Há ainda clubes que não esquecem aqueles que os seguem para todo o lado e que os apoiam: os adeptos. Por isso muitos emblemas decidiram retirar o número 12 para os homenagear. Boca Juniors (Argentina), Atlético Mineiro e Flamengo (Brasil), Bayern de Munique e Werder Bremen (Alemanha), PAOK (Grécia), Génova e Lázio (Itália), Feyenoord e PSV (Holanda) e CSKA e Zenit (Rússia) são alguns dos clubes que compreenderam a importância do "décimo segundo" jogador nos resultados e vida do clube.

Outros preferiram dedicar aos adeptos o número 13, como o Reading e o Norwich City de Inglaterra ou o Bryne da Noruega. Também os gregos do Panathinaikos dedicaram o 13 aos adeptos, mas neste caso aos da claque Gate 13 (nome que surge por ser por esta porta que estes adeptos entram no estádio nos jogos em casa)que acompanha a equipa verde em todas as partidas .

Os ingleses do Oldham Athletic, onde actua o português Fábio Ferreira, preferiram dedicar aos adeptos o número 40, que, segundo eles, representa o spirit of Oldham (o espírito de Oldham). O spirit surgiu encarnado no grupo de apoio dos ingleses chamado Trust Oldham, que foi criado com o intuito de ajudar a equipa no Verão de 2003, quando o emblema atravessava graves problemas financeiros.

Os ingleses do Leeds United, que em 2001 jogavam na Europa e que agora disputam a Division One (corresponde à Segunda Divisão portuguesa) e onde joga o português Rui Marques, decidiram retirar a camisola 15 na época de 2007-2008. Esta decisão foi tomada após um sanção imposta pela Federação Inglesa, que, devido à má administração do clube, impôs ao Leeds uma sanção de... 15 pontos.

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