Clube Fenianos do Porto inaugura Museu dos Fenianos

<p>O Clube Fenianos Portuense inaugurou, no passado dia 24, o Museu dos Fenianos, um espaço que reúne o espólio da associação cultural, recreativa e histórica da cidade do Porto.</p> <p> </p>
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"O espólio da associação estava espalhado e, alguma parte dele, estava praticamente em pré-ruína. Era importante que, antes que as peças se deteriorassem irremediavelmente, fossem recuperadas", contou à Agência Lusa Álvaro Nazareth, presidente do Clube Fenianos Portuense.

"Demorámos meses a tirar as peças do último andar do edifício, algumas já em muito mau estado, devido às infiltrações", explicou Nazareth, que reconheceu que o longo processo ainda não está terminado, existindo outras peças para serem retiradas "em pinças" do espaço para serem recuperadas.

No entanto, de acordo com o responsável pela associação, "as peças mais importantes da colecção estão expostas", podendo o público encontrar fotos centenárias, máquinas de prensar, máquinas de escrever, selos, reproduções de Gouveia Portuense, bustos, uma escultura de Manuel Nogueira, cartazes dos Carnavais organizados, móveis do início do século passado, marionetas, entre outras coisas.

Álvaro Nazareth destaca o exemplar d' "Os Lusíadas", datado de 1880 e a máquina de projectar, que terá sido utilizada por Lumière, como as peças mais importantes em exposição.

O museu fica situado na antiga sala da direcção, um "espaço muito bonito, com muita luz, virado para a Avenida dos Aliados", totalmente recuperada na sequência das obras levadas a cabo pela associação há cinco anos, e pode ser visitado por qualquer pessoa.

"Basta fazer uma solicitação para ser organizada uma visita", explicou o presidente do Clube dos Fenianos, adiantando que a associação está a ponderar encontrar um dia na semana para que o museu esteja à disponibilidade de todos.

Fundado por quatro cidadãos do Porto, em 1904, o Clube Fenianos Portuense teve como objectivo "corrigir o que estava errado no panorama cultural da cidade", mas cedo se afirmou como um pólo ativo na dinamização da vida social e cultural portuense.

Os seus emblemáticos Carnavais, que cumpriam o propósito de conjugar "a exuberância do Carnaval do Rio de Janeiro e a elegância do de Veneza", atraíram, não só cidadãos anónimos, mas também pessoas ligadas às artes plásticas e às artes do espectáculo, além de inúmeros escritores, como Aquilino Ribeiro, José Régio ou Teixeira de Pascoaes.

Como indicou à Lusa Álvaro Nazareth, o papel do Clube Fenianos do Porto foi, além da sua vertente cultural, que os levou a lançarem a primeira pedra do actual teatro Nacional de São João, baterem-se pelo progresso da cidade.

Do clube, que chegou a ter 14 mil associados e cujo lema é "Pelo Porto", fizeram parte homens como Bordalo Pinheiro, José Penicheiro, António Pedro ou José Augusto Seabra.

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