A Clínica do Bosque, na Amadora, apresenta na sua página na Internet uma lista de prestação de serviços de saúde que inclui a Interrupção de Gravidez, apesar de uma funcionária, contactada pela agência Lusa, ter negado que estes atos médicos sejam praticados. . Em Portugal apenas três clínicas privadas estão autorizadas legalmente pela Direção Geral da Saúde (DGS) para realizarem Interrupção da Gravidez (IG): a Clínica dos Arcos e o Hospital do SAMS, em Lisboa, e a Clínica SOERAD, em Torres Vedras.. Além destas unidades, existem vários hospitais públicos que realizam a IG, ou encaminham as utentes para as três instituições privadas, pagando os serviços que estas prestam.. Simulando um interesse em realizar uma IG com 11 semanas de gestação - mais uma que o permitido por lei -, a agência Lusa ligou para o contacto disponibilizando no 'site' da clínica, tendo uma alegada funcionária encaminhado para um número móvel.. Através desse número, a mesma mulher explicou que a interrupção é realizada por uma parteira que tirou o curso em Coimbra, é um procedimento rápido, seguro e indolor e que custa cerca de 500 euros.. A alegada funcionária explicou que, inicialmente, é feita uma ecografia para datar a gravidez, não tendo levantado qualquer objeção ao facto da suposta gravidez ter mais de dez semanas.. Além das indicações sobre a morada da clínica, a mulher explicou que a IG é feita cirurgicamente (por aspiração).. No dia seguinte ao primeiro contacto, a Lusa ligou para o mesmo número, identificando-se como órgão de comunicação social e revelou que era a autora do telefonema anterior, tendo sido atendida pela mesma pessoa.. Confrontada com a informação prestada anteriormente por telefone e com a disponibilizada no 'site', a mesma pessoa negou, alegando que a clínica está encerrada..Questionada sobre quem é o responsável pela direção da clínica, disse desconhecer, optando por interromper a ligação.. Em outubro de 2010, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) instaurou, durante uma ação de fiscalização, um processo contraordenacional a esta clínica por ausência de registo, segundo informou este regulador.. A ERS adiantou à Lusa que a intervenção sancionatória sobre a Clínica do Bosque não prosseguiu, uma vez que a sociedade se dissolveu e encerrou atividade em 16 de novembro de 2011.. Apesar disso, a clínica continua aberta, sendo possível marcar consultas para pelo menos a especialidade de ginecologia com um médico que, também contactado pela Lusa, se limitou a dizer que se desloca à clínica realizar algumas consultas, mas que não faz ideia do que é feito no seu interior. . A mesma funcionária que disse que a clínica estava encerrada também confirmou que é possível marcar consultas, que se realizam entre as 10:00 e as 12:00.. A Lusa contactou o Diretor-Geral da Saúde, Francisco George, dando conta da situação exposta, tendo este esclarecido que cabe à Inspeção Geral as Atividades em Saúde (IGAS) atuar nestes casos ilegais.. Francisco George reiterou que apenas podem realizar Interrupções de Gravidez os estabelecimentos oficialmente autorizados para tal.