Ciro Gomes: "Não sou, nem serei jamais, um anexo do PT e do Lula"
No trio elétrico montado em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, em São Bernardo do Campo, Manuela D"Ávila e Guilherme Boulos, candidatos presidenciais, respetivamente, pelo Partido Comunista do Brasil e pelo Partido Socialismo e Liberdade, e Fernando Haddad, o militante do Partido dos Trabalhadores (PT) na calha para outubro de 2018, apareceram lado a lado na fotografia com Lula da Silva. E Ciro Gomes? Onde estava o candidato do Partido Democrático Trabalhista que tem potencial para ser o principal herdeiro dos votos do antigo presidente?
Em conferências em Harvard e no Massachusetts Institute of Techology, a nata da educação dos Estados Unidos, a longa distância, física e não só, da agitação popular de São Bernardo. "Porque é que não estou lá? Não sou, nem serei jamais, um anexo do PT e do Lula", começou por dizer aos jornalistas o antigo governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza que ocupou três ministérios ao longo do consulado do velho metalúrgico no Palácio do Planalto. Mas recusou o rótulo de infidelidade: "Ao longo dos últimos 16 anos estive ao lado do Lula sem faltar um dia que fosse mas eles que reescrevam a história como quiserem".
Cético em relação à possibilidade de vir a receber de bandeja o apoio do PT - "é um partido que tem a tradição de apresentar sempre candidato próprio" - não deixa de piscar o olho à formação de uma frente ampla de esquerda - "precisamos de recuperar o diálogo e a serenidade". Ciro, que concorreu em 1998 e foi o terceiro mais votado atrás de Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e de Lula, estranhou ainda "a rapidez que a justiça se impôs na condenação amarga a um e a falta dela em relação aos figurões corruptos do PSDB". "Ainda falta desratizar Brasília", disse.
Alckmin e Meirelles
As movimentações para as presidencial não passam apenas pela esquerda e a questão dos herdeiros dos votos de Lula: as últimas horas foram importantes para Henrique Meirelles, o ministro das Finanças, que entregou o cargo para poder candidatar-se às presidenciais. Agora filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de Michel Temer, Meirelles vai concorrer com o próprio presidente da República pelo lugar de candidato oficial do maior partido brasileiro.
Já Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB que vem passando quase incólume pela Operação Lava-Jato sofreu ontem um revés com a prisão do ex-gestor financeiro do PSDB Paulo Souza no âmbito dessa operação. Souza é ligado ao governo do estado de São Paulo que Alckmin chefiou por 13 anos. "Não o conheço", reagiu, porém, Alckmin.