CIP: Aumento de impostos é solução praticamente saturada
"A especificidade da situação portuguesa aconselha a que algumas regras comunitárias sejam mais compreensivas e nos abram algumas possibilidades, porque a rigidez hoje é má conselheira", disse à Lusa o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva.
O dirigente da CIP referia-se ao facto de a diminuição da Taxa Social Única (TSU) para os sectores da indústria e do turismo estar vedada devido às regras comunitárias, como referiu hoje o ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
"O Governo deveria pugnar em Bruxelas por alguma desta abertura de compreensão e tentar encontrar mecanismos que ajudem à competitividade da economia portuguesa por esta via", explicou António Saraiva, declarando que há regras europeias que "se revelaram erradas, insuficientes para os grandes desafios da globalização".
O presidente da CIP considerou ainda que o aumento da receita através da subida de impostos é uma solução que está praticamente saturada e que é preciso apresentar medidas na área da redução da despesa.
"Aguardamos com expectativa e alguma ansiedade o que é que a redução da despesa na proporção dos dois terços nos reserva, porque, em termos de arrecadação de impostos, diria que a solução está praticamente saturada", disse à Lusa o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva.
O dirigente da CIP reagia, assim, ao anúncio feito hoje pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, da criação de uma "taxa adicional de 2,5 por cento" para os contribuintes com rendimentos mais elevados e uma outra de três por cento para as empresas com lucros acima de 1,5 milhões de euros.
Numa altura em que o cumprimento dos objectivos acordados com a 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) tem que ser atingido para a reaquisição de uma melhor imagem do país em termos internacionais, disse António Saraiva, continua-se a verificar que, dentro da separação de dois terços de redução da despesa e um terço de aumento da receita, incide-se mais nessa última parcela.
"[Em relação aos] dois terços de redução da despesa remete-se, uma vez mais, para o Orçamento do Estado de 2012", declarou o presidente da CIP, acrescentando que considera "insuficientes" as receitas previstas pelo aumento do IRS e do IRC, sendo que, no caso do imposto sobre indivíduos, vai voltar a ser a classe média a mais atingida.