"Cinema Ideal devia ser exemplo para reabertura de mais salas"

O produtor e exibidor Paulo Borges considerou que a menção honrosa do Prémio Vilalva atribuída ao Cinema Ideal deveria alertar para a recuperação e reabertura de outras salas de cinema no país
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"Fico contente porque é uma coisa inesperada premiarem um cinema, mas devia haver uma política nacional, concertada, de reabertura de salas como esta pelo país", defendeu Pedro Borges, produtor e exibidor, em declarações à agência Lusa.

O Prémio Vilalva, da Fundação Calouste Gulbenkian, atribuiu hoje uma menção honrosa ao projeto de recuperação do Cinema Ideal, pelo arquiteto José Neves, uma sala de cinema centenária que reabriu portas em agosto passado no Chiado, em Lisboa.

O Cinema Ideal nasceu em 1904 e foi a primeira sala de cinema de Lisboa. Depois de ter tido várias designações - Salão Ideal, Piolho do Loreto, Cine Camões e Cine Paraíso - e públicos, a sala reabriu ao público a 28 de agosto de 2014 com a estreia do filme E agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto.

Em sete meses, a sala acolheu mais de 20.000 espetadores e estreou dez filmes portugueses, com um total de 428 sessões só para o cinema nacional. O Cinema Ideal associou-se aos festivais DocLisboa, Monstra e Temps d'Images.

Pedro Borges enaltece estas estatísticas, mas sublinhou que ao Cinema Ideal falta apoio financeiro sustentado, seja por parte de entidades públicas, privadas ou empresas: "Temos que ter a curto prazo para poder sobreviver".

"Por exemplo, a Fundação Calouste Gulbenkian, além desta menção honrosa, era bom que pudesse encarar um apoio ao projeto", disse o exibidor.

O Cinema Ideal, na recuperação do qual foram investidos cerca de 500.000 euros, é uma das poucas salas de cinema de Lisboa com exibição comercial fora de um centro comercial. Existe ainda o Cinema City Alvalade e o cinema Nimas, embora neste a programação seja dedicada sobretudo a ciclos temáticos ou projeções especiais. A estes junta-se a Cinemateca Portuguesa, com programação própria e fora de ditames comerciais.

Recuperando o espírito de "cinema de bairro", o Cinema Ideal também programa sessões para escolas e alunos da freguesia onde está inserido, assim como para espetadores mais velhos.

Nos próximos meses, o Cinema Ideal associa-se ao IndieLisboa e exibirá em maio - numa programação há muito prometida - a última longa-metragem deixada pelo realizador Paulo Rocha, Se eu fosse Ladrão, roubava, e cópias restauradas de Os Verdes Anos e Mudar de Vida, obras fundadoras do chamado Cinema Novo Português.

Até agosto, quando completar um ano, o Cinema Ideal pretende acolher cerca de 50 000 espetadores.

O Prémio Vasco Vilalva, no valor de 50 mil euros, foi hoje atribuído ao projeto de criação do Museu de Arte Sacra no complexo da Catedral de Santarém.

Atribuído anualmente pela Fundação Calouste Gulbenkian, o júri do prémio distinguiu a importância daquele novo museu para a dinamização cultural da região.

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