Cinema Batalha reabre no verão de 2019
O projeto de reabilitação do Cinema Batalha, no Porto, da autoria do arquiteto Alexandre Costa, implica transformações espaciais e técnicas no edifício original, com 70 anos. O "novo Batalha" vai manter a plateia e a tribuna, mas ficará com menos lugares no segundo balcão, onde passará a existir um cinema estúdio, permitindo assim projeções simultâneas. Na prática, o icónico Batalha terá duas salas para exibições de cinema digital e analógico. "Vamos também refazer a sala de chá, passando a ser um espaço polivalente, onde se possam fazer workshops e exposições", avançou Alexandre Costa, ontem, na conferência de imprensa de apresentação dos princípios estratégicos que vão orientar a reabilitação daquele espaço. "Haverá ainda espaço para uma sala de estudo, área de lazer e o aproveitamento da cobertura, que tem uma vista fantástica para a cidade do Porto", explicou.
Segundo Guilherme Blanc, do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto (CMP), trata-se de uma obra cujo objetivo passa por "unificar os três espaços do Cinema Batalha, tornando-o não apenas num cinema, mas num espaço cultural onde as pessoas se possam divertir". "O Batalha deve ser um espaço com história do cinema, cinema de arquivo, disseminação de discursos contemporâneos, investigação e estudo na área do cinema e também um espaço de convívio", sublinhou.
O projeto ontem apresentado ainda não é definitivo, mas as alterações que possam surgir serão de ordem técnica e não alterarão a estrutura já desenhada. "O projeto final estará pronto em agosto. Prevemos começar as obras no verão do próximo ano, cujo tempo de execução será de ano e meio", explicou Rui Moreira.
Investimento de 2,5 milhões
O presidente da CMP avançou ainda com números, fixando o valor da obra em cerca de dois milhões de euros e um custo anual de funcionamento (manutenção e recursos humanos) de 550 mil euros. Segundo Rui Moreira, a equipa do Cinema Batalha será composta por 18 pessoas, algumas das quais trabalharão em simultâneo para outros projetos da autarquia, numa nova empresa municipal, cuja criação foi aprovada em reunião de câmara, na última terça-feira, com o objetivo de também assegurar a gestão e programação da Galeria Municipal do Porto e respetivo auditório e os teatros Sá da Bandeira, Rivoli e Campo Alegre.
Na altura, o presidente da autarquia defendeu que "com o aumento exponencial da atividade cultural a que a Câmara do Porto se propõe, agudizou-se significativamente a necessidade de se encontrar um modelo mais racional e eficaz", para os diferentes espaços culturais, justificando assim a criação da empresa municipal Porto Cultura. Uma medida que mereceu críticas da oposição às quais Rui Moreira respondeu com a impossibilidade de "agilizar a passagem de competências para empresas que não se dedicam à cultura, como a Porto Lazer".
Moreira falou ainda dos eventuais apoios institucionais que "estão dependentes da programação a definir". Neste momento, uma das dificuldades está a ser levantada por parte da Cinemateca Portuguesa que, segundo revelou ontem, não deu abertura para que seja exibido cinema internacional no Batalha. "Em reunião, há cerca de três meses, com a direção da Cinemateca e o secretário de Estado da Cultura, ficou claro que não há qualquer tipo de abertura da Cinemateca para que possamos exibir, dizem eles, em condições de segurança cinema internacional no Porto", afirmou. E garantiu que, caso seja reeleito, não deixará "este assunto ficar assim". "Quando chegar o momento certo, acredito que o ministro e o secretário de Estado da Cultura apoiarão a exibição de cinema de arquivo internacional no Porto, desde que salvaguardadas as condições de segurança", concluiu.
Sobre os dois painéis de Júlio Pomar que foram ali pintados nas paredes do imóvel, mas depois tapados, o autarca referiu ter já adjudicado "duas sondagens técnicas" que visam "assegurar de forma definitiva que os murais já não existem" e garantiu que "nada será colocado em cima se houver uma preexistência [do trabalho do artista] que possa ser recuperável".