Cinco séculos depois, ingleses dão funeral de rei a Ricardo III

Cerimónia é transmitida em direto pela televisão britânica. Personagem histórica com a reputação distorcida por Shakespeare vai ser a nova atração turística de Leicester.
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Filas de espera de quatro horas para ver o caixão encimado por uma coroa; túmulo especialmente concebido em mármore; mensagem da rainha Isabel II, que será lida hoje de manhã nas cerimónias do funeral. Uma composição musical criada propositadamente para a cerimónia assim como um poema sobre o momento da autoria da poetisa Carol Ann Duffy na qualidade de poeta laureada, responsável por celebrar em verso acontecimentos históricos; transmissão das cerimónias em direto pela televisão. Morto em combate em 1485 na batalha de Bosworth, a 22 de agosto, Ricardo III de Inglaterra nunca imaginaria que, 529 anos mais tarde, teria um funeral digno do rei que foi.

Exatamente o que vai suceder hoje na catedral de Leicester com os restos mortais do último rei inglês a morrer em batalha, e também último representante da dinastia Plantageneta. Com a morte de Ricardo III, aos 32 anos, subiria ao trono Henrique VII, fundador da dinastia Tudor, terminando também o longo conflito da Guerra das Rosas (1455-1485), em que as linhagens de Lancaster e York se enfrentaram pela posse do trono inglês. A designação Guerra das Rosas decorre de a casa de Lancaster ser heraldicamente representada por uma rosa vermelha e a de York por uma rosa branca.

Nas cerimónias de hoje estarão presentes descendentes de alguns dos que participaram na batalha de Bosworth, nomeadamente o ator Benedict Cumberbatch, que teve como antepassado um primo em segundo grau de Ricardo III. Será Cumberbatch a ler o poema de 14 linhas da autoria de Ann Duffy, intitulado Richard, de que só se conhece o verso "Grant me the carving of my name", o que, em termos literais, se pode traduzir por "Concedam-me que o meu nome seja gravado na pedra" de um túmulo - isto é, o direito a uma sepultura justa. Após a morte, o corpo de Ricardo III foi mostrado nu em público nos dias seguintes, até ser sepultado numa abadia próxima de Leicester e do local da batalha. As ossadas foram perdidas no século XVI, sendo recuperadas só em 2012 no subsolo de um parque de estacionamento em Leicester. A autenticidade foi confirmada em 2013.

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