Cinco portugueses a treinar na Arábia. Mas nem todos com direito a estrelas
A liga saudita está na moda e são cinco os treinadores portugueses no comando de equipas do primeiro escalão, numa temporada que se prevê a mais mediática de sempre dado os grandes nomes que estão a ser recrutados. Mas nem todos partem com as mesmas ambições, e só três - Nuno Espírito Santo (Al Ittihad), Jorge Jesus (Al Hilal) e Luís Castro (Al Nassr) - vão lutar pelo título. Pedro Emanuel (Al Khaleej) e Filipe Gouveia (Al Hazm), que orientam equipas modestas e sem estrelas, terão como objetivo realizar uma época tranquila e evitar a descida de divisão.
O forte investimento e a chegada de grandes craques ao Al Ittihad, Al Hilal e Al Nassr justifica-se porque os três clubes foram comprados recentemente pelo fundo do estado saudita PIF (Public Investment Fund), dono do Newscastle, que também adquiriu o Al Ahli.
O Al Ittihad, o atual campeão saudita treinado por Nuno Espírito Santo, vai iniciar o campeonato com o estatuto de favorito, até porque já assegurou três reforços de peso - Karim Benzema (ex-Real Madrid), N"Golo Kanté (Chelsea) e o português Jota (ex-Celtic).
Um trio que promete dar ainda mais soluções a um plantel onde transitam da época passada outros jogadores que foram decisivos na conquista do título, casos do avançado marroquino Abderazzak Hamdallah (o melhor marcador da equipa na época passada com 25 golos), os médios brasileiros Bruno Henrique e Igor Coronado, e também o avançado luso-angolano Hélder Costa.
O Al Ittihad é um dos clubes mais populares e titulados da Arábia Saudita. Fundado em 1927, tem no palmarés nove títulos de campeão e duas Ligas dos Campeões Asiáticas, conquistadas em 2004 e 2005.
Jorge Jesus, 68 anos, está de volta ao Al Hilal, outro dos clubes mais populares do país. O treinador chegou já com dois reforços sonantes contratados, o médio internacional português Rúben Neves, que surpreendentemente, e aos 26 anos, deixou o Wolverhampton e a Premier League, naquela que foi maior transferência de sempre do futebol árabe - 55 milhões de euros pagos aos wolves. E também Kalidou Koulibaly, defesa central senegalês que atuava no Chelsea.
Mas o grande reforço seria Bernardo Silva, internacional português do Manchester City que tem uma proposta milionária para se mudar para o clube de Riade. Até ao momento ainda não deu resposta, embora o mais certo seja permanecer no futebol europeu.
A equipa terminou o campeonato da época passada na terceira posição e Jesus tem ainda à sua disposição jogadores bem conhecidos do futebol português, casos de Marega (ex-FC Porto), Carrillo (ex-Sporting e Benfica) e Vietto (ex-Sporting). O técnico conta ainda com o avançado nigeriano Odion Ighalo, o melhor marcador da equipa na época passada, com 26 golos.
O Al Hilal é a equipa com mais adeptos da Arábia Saudita, conhecida como o clube dos príncipes. Tem um total de 18 títulos de campeão (o último em 2021-22) e quatro Ligas dos Campeões Asiáticas (1991, 2000, 2019 e 2021).
O Al Nassr, que tem como maior bandeira Cristiano Ronaldo, provavelmente a maior contratação de todos os tempos do futebol árabe, e que terá aberto a porta à chegada de grandes craques neste defeso, terá esta temporada como treinador o português Luís Castro, 61 anos, que largou o Botafogo na primeira posição do campeonato brasileiro e aceitou um novo desafio.
O segundo classificado da temporada passada já assegurou este mês um reforço de peso, o internacional croata Marcelo Brozovic, médio defensivo ex-Inter Milão. Mas Luís Castro tem outros jogadores importantes no plantel que transitaram da temporada passada, casos do brasileiro Talisca (ex-Benfica), o melhor marcador da equipa no ano passado, com 22 golos. E depois há ainda o guarda-redes colombiano David Ospina, o médio brasileiro Luiz Gustavo e o defesa espanhol Álvaro González.
O Al Nassr, fundado em 1955, tem no palmarés nove títulos de campeão saudita, o último em 2019, e ainda uma Supertaça Asiática ganha em 1998. Chegou a uma final da Liga dos Campeões asiáticas, em 1995, mas foi derrotado.
Pedro Emanuel, 48 anos, orienta desde a temporada passada o Al Khaleej, que terminou o campeonato num modesto 14.º lugar. Sem o poderio de um Al Ittihiad, Al Hilal ou Al Nassr, garantiu para esta época dois jogadores portugueses a custo zero, Ivo Rodrigues (ex-Famalicão) e Pedro Rebocho (ex-Lech Poznan). Outro reforço é o central argentino Lisandro López (ex-Benfica).
Na equipa continuam o português Fábio Martins e o melhor goleador da equipa na temporada passada, o albanês Sokol Cikalleshi (11 golos). Assim como o guarda-redes brasileiro Douglas. O clube não tem títulos dignos de registo conquistados.
O outro português ao comando de uma equipa da I liga saudita é Filipe Gouveia, 50 anos, que comanda o Al Hazm, equipa que subiu este ano ao escalão maior do futebol do país pela mão do técnico luso, que em 2021-22 tinha treinado o Vilafranquense, mas que já tinha tido experiências na Arábia.
Com um orçamento muito modesto, o clube assegurou já esta temporada a contratação do guarda-redes tunisino Aymen Dahmen. Uma das estrelas da equipa é o central brasileiro Paulo Ricardo, antigo jogador do Santos, do Brasil.