Cinco mil britânicos chegam ao Algarve no primeiro dia da retoma de voos

Reabertura do corredor verde entre o Reino Unido e Portugal permitiu ontem a realização de 17 ligações ao aeroporto de Faro, seis a Lisboa e três ao Porto.
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O aeroporto de Faro recebeu ontem 5500 passageiros de um total de 17 voos provenientes do Reino Unido, naquele que foi o primeiro dia da reabertura das ligações aéreas entre os dois países sem a imposição de quarentena à chegada dos britânicos a casa. "Foi um dia que marcou um virar de página, o aeroporto ganhou vida, fluxo, não houve qualquer problema no controlo dos passageiros - foi como que criada uma passadeira onde os turistas claramente foram as estrelas", relatou João Fernandes, presidente da Região do Turismo do Algarve (RTA). Ontem, foram também registados seis voos provenientes do Reino Unido no aeroporto de Lisboa e três no Porto.

Este momento, que marcou a integração de Portugal na lista verde, "enche-nos de satisfação" e traz a "expectativa que este verão seja melhor do que o de 2020", disse Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Mas, cauteloso, lembrou que é preciso manter as infeções abaixo dos limites considerados de risco (120 casos por 100 mil habitantes) e que o índice de transmissibilidade (Rt) não ultrapasse o indicador 1. Aliás, à chegada, os passageiros foram agraciados com um kit com duas máscaras de proteção e álcool gel, produzidos em Portugal, e com um guia turístico. Segundo João Fernandes, estas boas-vindas traduzem uma mensagem de acolhimento, mas também o alerta de que "é preciso manter ativa a prevenção" contra a covid-19.

Pelos menos até ao final de maio, Portugal e o Algarve, a região mais procurada pelos turistas britânicos, estão basicamente sozinhos no mercado, sem concorrência direta de destinos como Espanha, Grécia, Itália ou a Turquia, onde se mantêm restrições severas às viagens. Segundo João Fernandes, o ritmo de voos provenientes do Reino Unido irá manter-se ao longo desta semana, e deverão intensificar-se na última semana do mês e primeira de junho, período habitual de férias intercalares dos britânicos. "Há um aumento exponencial das reservas", assegurou, frisando que o Algarve tornou-se a "primeira opção" face aos outros territórios do sul da Europa, e os ingleses decidiram "agarrar essa oportunidade". O responsável frisou ainda que decorre "uma campanha natural" do país e da região, porque os indicadores da pandemia "oferecem segurança".

Também Elidérico Viegas sublinhou que esta reabertura "representa uma vantagem comparativa", depois de quase ano e meio sem turistas, e "permite criar fundadas expectativas ao setor". Há "um aumento da procura, as reservas têm sido superiores ao que era esperado", mas "há que ter consciência que não irá trazer o movimento de 2019". Na sua opinião, este processo de retoma será "dinâmico, gradual, progressivo". Opinião semelhante tem João Fernandes: "Há consciência que este é um retomar progressivo de uma atividade que perdemos".

Os números não dão lugar a dúvidas. No ano passado, o Algarve recebeu 189 mil britânicos nos alojamentos turísticos oficiais, uma quebra brutal face aos 1,128 milhões registados em 2019. Também os residentes no Reino Unido que desembarcaram em Faro no primeiro ano da pandemia não foram além de uns módicos 334 mil, contra os 2,150 milhões de 2019, revelou Elidérico Viegas.

As companhias aéreas estão a aproveitar esta maré favorável e já anunciaram reforços nas ligações entre Portugal e o Reino Unido. A TAP anunciou que vai incrementar em junho a oferta de voos entre os dois países. Entre Lisboa e Londres/Heathrow, vai aumentar de 10 para 19 os voos semanais e retomar a rota entre a capital e o aeroporto de Gatwick, com voos cinco vezes por semana. Entre o Porto e Londres Gatwick, a TAP reforçará as ligações de quatro para sete semanais.

Vagas de emprego

Para o presidente da AHETA, "se tudo correr bem, e os esforços devem ir nesse sentido, nos meses de verão e na época de golfe, que se inicia em setembro, a procura já deve ser interessante". No entanto, pede "calma". Como frisou, "depois de uma travagem a fundo, quase total do setor, não basta carregar no acelerador para atingir a velocidade cruzeiro que tínhamos, estamos a começar a recuperação". Na sua opinião, neste momento, "só os hotéis é que estão preparados" para esta reabertura, "muitas empresas turísticas fecharam, faliram".

Nesta matéria, João Fernandes está mais otimista. O setor turístico "está mais que preparado, ávido para começar a trabalhar, as empresas estão habituadas à sazonalidade, não lhes é difícil passar da época alta para a baixa". Como sublinhou, "não temos números de falências significativos, devido aos apoios do Governo, temos é um nível muito elevado de desemprego, mas já há muitos processos de recrutamento em curso".

Na opinião dos dois representantes do setor, este será o ano do arranque da retoma, já com bons níveis de reserva dos mercados externos, e, se tudo correr bem, 2022 apresenta-se como a rampa de lançamento para atingir os níveis pré-pandémicos em 2023.

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