Cinco anos depois, livro sobre o Costa Concordia é sucesso de vendas

Schettino, comandante do navio, foi condenado a 16 anos, mas continua em liberdade à espera da confirmação do Supremo
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Eram 21.45 quando o navio de cruzeiros chocou contra uma rocha escondida debaixo de água. O embate revelar-se-ia uma sentença de morte para 32 pessoas. Foi a 13 de janeiro de 2012 - cumprem-se agora cinco anos - que o Costa Concordia ficou encalhado em frente à ilha italiana de Giglio. Um homem, o comandante Francesco Schettino, surgiu como o responsável pelo acidente. O que é feito dele? E o que aconteceu ao gigantesco barco de 114 mil toneladas e 290 metros de comprimento - medidas que equivalem sensivelmente a três campos de futebol ou a 25 autocarros em fila indiana?

Schettino foi o único arguido do processo a responder em tribunal. Apesar de ser ele o comandante, não foi, como ditam as regras, o último a abandonar o navio. Recorda o diário espanhol El Mundo que às 0.30 do dia 14 de janeiro já Schettino estava a salvo, em terra firme, enquanto muitas das 4229 pessoas a bordo (3216 passageiros e 1013 tripulantes) continuavam a tentar fugir do barco que se ia inclinando cada vez mais.

Em fevereiro de 2015, três anos depois do desastre, Schettino foi, nos tribunais de primeira instância, condenado a 16 anos e um mês de prisão pelos 32 homicídios, abandono do navio e estragos ambientais.

Depois do pedido de recurso, a decisão foi confirmada por um tribunal superior em maio de 2016. Ainda assim, Schettino continua em liberdade, à espera que o Supremo italiano se pronuncie sobre o caso. Enquanto aguarda que a Justiça lhe defina o futuro, o comandante do Costa Concordia vai-se servindo do mediatismo do caso. As Verdades Submersas (Le Verità Sommerse, no original em italiano), livro que escreveu em conjunto com a jornalista Vittoriana Abate, tem-se revelado um sucesso de vendas. A Graus Editore, responsável pela publicação da obra, confirmou ao DN que as vendas já ascendem a 20 mil exemplares. "As pessoas querem saber o que aconteceu", explica Roberto Miele, do gabinete de imprensa.

O acidente deu-se a apenas 150 metros da costa. Durante o julgamento, Schettino disse aos juízes que "decidiu navegar de acordo com os instintos marinheiros", mais perto da ilha, confiando na sua perícia. A manobra, para que os passageiros pudessem passar mais perto de Giglio e aproveitar a paisagem, teve o desfecho que se conhece. Eram os metros finais do Costa Concordia.

Durante dois anos o navio - com cinco restaurantes, 13 bares, quatro piscinas, um circuito de jogging e um simulador de Fórmula 1 - ficou ali, imóvel, encalhado nas formações rochosas de Punta Gabbianara. Apesar de os trabalhos de remoção terem sido iniciados em maio de 2012, foi só em julho de 2014 que o Costa Concordia disse adeus à ilha de Giglio. Foi rebocado até Génova, através do Canal da Córcega, e finalmente desmantelado. A operação terá custado cerca de 600 milhões de euros.

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