Cimeira APEC origina parto em plena rua de Manila

Mais de 500 médicos e enfermeiros mobilizados para a cimeira.
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Uma mulher filipina deu à luz numa das ruas de Manila quando o veículo em que seguia com o marido para o hospital ficou preso num engarrafamento causado pelas medidas de segurança da cimeira APEC (sigla em inglês para Cooperação Económica Ásia-Pacífico), que hoje termina na capital deste país do Sudeste Asiático.

O caso foi confirmado ontem pelas autoridades, tendo sucedido terça-feira. Ao perceber que era impossível chegar a tempo ao hospital, o casal deixou o veículo e dirigiu-se a dois polícias pedindo-lhes que chamassem uma ambulância, mas estes explicaram que era impossível esta chegar em tempo útil. E, de facto, pouco depois a mulher entrou em trabalho de parto, com o marido completamente em choque, segundo testemunhos de pessoas no local. Uma delas, do sexo feminino, em conjunto com uma polícia e um outro agente, ajudou no trabalho de parto, com os presentes a darem alguma privacidade à situação, abrindo chapéus de chuva em torno da mãe.

Mais tarde, o presidente da Câmara de Manila explicou que a polícia tinha preparação como parteira e que o outro agente possuía um curso de primeiros socorros.

O caso desencadeou nas redes sociais um intenso debate e críticas às autoridades por terem fechado ao trânsito inúmeras avenidas e ruas, forçando muitos residentes de Manila a deslocarem-se a pé em grandes distâncias ou a esperarem longas horas imobilizados no tráfego.

Outra crítica dirigida às autoridades é que estas mobilizaram mais de 500 médicos, pessoal de enfermagem e paramédicos para assistir em qualquer eventualidade durante a cimeira, tendo sido muitos deles retirados de hospitais onde prestam serviço.

Divergências

No plano da cimeira, ficaram ontem claras as divergências entre as posições dos Estados Unidos e a China em matéria de comércio internacional. O presidente Barack Obama defendeu que a Parceria Trans-Pacífico (TPP, na sigla em inglês), já assinada por 12 das economias APEC, entre em vigor em 2017. Considerando-o "o acordo de comércio mais sofisticado e progressivo que alguma vez foi negociado".

Para Obama, a TPP vai abrir novos mercados aos produtos americanos, proteger o ambiente e a mão-de-obra e impedir que a China, que não subscreveu o acordo, possa recorrer a princípios para as trocas internacionais menos exigentes do que os agora aprovados no quadro da TPP.

Por seu turno, o presidente Xi Jinping insistiu num outro projeto gerado no interior da APEC, e inicialmente apoiado pelos EUA, a Área de Comércio Livre Ásia-Pacífico (FTAAP, em inglês). Para o líder chinês, este segundo projecto permite uma melhor salvaguarda das relações entre as economias do espaço APEC que apresentam maior índice de crescimento. A China tem vindo a assinar uma série de acordos bilaterais ou envolvendo três ou mais Estados nos últimos anos. Este modelo, que é vantajoso para a China, enquadra-se melhor naquilo que pode vir a ser a FTAAP do que no quadro mais regulamentado e global da TPP. Até agora, no quadro da cimeira, nenhum responsável chinês aceitou pronunciar-se sobre a TPP.

Fundada em 1989, a APEC integrava então o Canadá, Estados Unidos, Austrália, Brunei, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Nova Zelândia, Singapura, Tailândia e Filipinas. Posteriormente, aderiram China, Hong Kong, Taiwan, Vietname, Papua-Nova Guiné, Chile, Peru e Rússia. Entre estes países, segundo números da APEC, existem 144 acordos de comércio livre, mais de metade do número total de acordos desta natureza atualmente em vigor a nível mundial.

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