Cientistas chineses corrigem cálculos de Newton com mais de 300 anos
Uma equipa liderada pelo cientista Luo Jun, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, na China, trabalha na correção dos cálculos definidos por Newton, em 1686, relativamente à chamada constante gravitacional (G). E anunciaram que os conseguiram corrigir. Apesar do avanço, os cálculos de Newton ficaram mais precisos, mas "o verdadeiro valor de G permanece desconhecido", admite o cientista chinês. O trabalho realizado pela sua equipa foi agora publicado na revista Nature.
Luo Jun sublinha que a busca pela maior precisão possível não é um capricho. Os geofísicos usam a constante G para estudar a estrutura e composição da Terra, por exemplo. Além disso, o valor do G é essencial em áreas como a física de partículas e cosmologia, parte da astronomia que estuda a origem e o futuro do universo.
Mas "o verdadeiro valor de G ainda é desconhecido", assume o professor, explicando que a dificuldade de medir a constante G é diabólica.
Isto porque a gravidade é uma força força "extremamente fraca", nas palavras de Luo. Apesar de o campo gravitacional do Sol ser tão grande que impede que o planeta Terra fuja através do espaço (e o da Terra impossibilitar que andemos a pairar), a força gravitacional entre dois objetos de um quilograma separados por um metro equivale ao peso de um pequeno número de bactérias.
De acordo com o jornal espanhol El País, o Comité de Informação para Ciência e Tecnologia (CODATA), com sede em Paris, é o órgão de referência internacional para essa constante. Em 2014, os especialistas adotaram 14 valores de G determinados nas últimas quatro décadas em diferentes laboratórios em todo o mundo. "A diferença relativa entre o maior e o menor valor de G está próxima de 0,055%. Essa situação não nos permite obter um valor G com alta precisão ", lamenta Luo.
Apesar da precisão dos resultados agora alcançados, os cientistas chineses obtiveram dois dados diferentes com dois dispositivos ligeiramente diferentes e independentes, e não sabem como explicar essa discrepância. "Há algo que ainda não sabemos e que precisamos de mais pesquisas", diz Luo. Ou talvez precisemos de outro Newton.
A equipa liderada por Luo Jun corrigiu a experiência de Newton com esferas de aço e câmaras de vácuo, que atingiu duas medidas semelhantes com dois dispositivos independentes : 6,674184 × 10^-11 e 6,674484 × 10^-11 metros cúbicos por quilograma por segundo quadrado. Mas a investigação pela precisão vai prosseguir. As novas medidas estão agora publicadas na revista Nature.
(Retificada: corrige a data dos cálculos de Newton)