Cientista de Coimbra investiga quadro de Gustav Klimt

A investigadora Benilde Costa integra equipa internacional que está a avaliar autenticidade do quadro <i>Trumpeting Putto</i>
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Uma investigadora da Universidade de Coimbra está a verificar, juntamente com outros especialistas de Hannover, na Alemanha, e Valladolid, em Espanha, a autenticidade de um quadro atribuído ao pintor austríaco Gustav Klimt.

Em causa está um dos primeiros quadros do autor de "O Beijo", que se julgava perdido e foi encontrado numa garagem austríaca, explicou hoje a Universidade de Coimbra.

O quadro Trumpeting Putto foi adquirido pelo colecionador Josef Renz, mas vários historiadores de arte questionaram a autenticidade do trabalho do pintor austríaco, que se celebrizou pela arte em torno do erotismo da Mulher.

O fresco Trumpeting Putto fez parte do teto do estúdio Klimt, em Viena, onde o pintor viveu com o seu irmão Ernst, entre 1883 e 1892.

A obra desapareceu quando um elevador foi instalado no edifício e pensava-se que tinha sido destruída.

Especialista em Espetroscopia de Mössbauer, Benilde Costa, do departamento de Física da Universidade de Coimbra, ficou responsável pelas medidas e análises dos resultados através desta técnica nuclear.

Com recursos a espetrómetro portátil, um aparelho usado pela NASA para estudar rochas marcianas, "é possível identificar os pigmentos usados na pintura".

"A Espetroscopia de Mössbauer permite identificar os pigmentos, usando radiação gama, e o espetrómetro utilizado regista a radiação reemitida pelo objeto em estudo, e sendo miniaturizado e portátil, dispensa a extração de amostras desses mesmos pigmentos", explica a especialista, também docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Os resultados da investigação devem ser conhecidos em setembro, na Croácia, mas "tudo indica que a obra é verdadeira".

"No entanto, ainda há análises por realizar. Esperamos que os resultados obtidos forneçam clareza à controvérsia gerada em torno da autenticidade do quadro", disse a investigadora.

Além de Benilde Costa, a investigação conta com os contributos de investigadores de Hannover (Alemanha) e Valladolid (Espanha) especialistas em técnicas analíticas não invasivas (não destrutivas da obra), nomeadamente por espetroscopia de Mössbauer e de Raman, e por fluorescência de RX.

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