Ciência e aventura em Angra do Heroísmo
Quase 200 anos depois da passagem de Charles Darwin pela Ilha Terceira, meia centena de oradores, das mais diversas áreas científicas, reunir-se-á em Angra do Heroísmo, de 14 a 16 de junho, para a 4.ª edição da Glex Summit, a segunda consecutiva a ter lugar nos Açores.
Ao longo de três dias, o público terá a oportunidade de "viajar" virtualmente pela floresta amazónica, mas também pelas profundezas dos oceanos e pelo espaço, ouvir as últimas sobre as buscas do túmulo de Cleópatra no Egito ou sobre a vida em meio polar.
Os condutores destas viagens serão alguns exploradores de renome internacional como Nathalie Cabrol (astrobióloga e diretora do Instituto SETI), Chrystil Johnson (diretora-adjunta de Investimentos em Tecnologia e Investigação do NASA Goddard Space Flight Center), Nina Lanza (cientista planetária), Chris Reiner (explorador e fotógrafo documental da National Geographic), Anna Roosevelt (arqueóloga e antropóloga ambiental), Leo Lanna (cientista) e Nathan J. Robinson (biólogo marinho).
Promovido pelo Explorers Club, o evento reúne alguns nomes de topo em áreas como a exploração e conservação do planeta, dos oceanos, ambiente, clima, arqueologia e exploração espacial, cujo trabalho tem a capacidade de criar impacto no futuro da Humanidade. Esta pretende, pois ser uma reunião única, onde se partilha tecnologia de ponta, experiências e inovações que visam impulsionar o futuro da exploração.
A cimeira foi criada no contexto das comemorações dos 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães. Em 2019, na edição de Lisboa, a organização e o painel de oradores assinaram uma declaração, firmando o compromisso com a exploração fundamentada na procura de conhecimento científico para o progresso da Humanidade e de toda a vida na terra e no universo.
Em apenas três edições, a GLEX Summit tornou-se a maior cimeira de exploradores à escala global. Além disso, tem posicionado Portugal enquanto destino de boas-práticas na conservação dos oceanos, na produção e partilha científica, assim como enquanto destino-referência de inclusão e diversidade.
Na apresentação do evento, que se realizou esta 3.ª feira no Museu da Farmácia, em Lisboa, Richard Garriott, presidente do centenário The Explores Club (e filho do histórico astronauta da NASA Owen Garriott, que passou parte da sua vida nas estações espaciais Skylab e Spacelab), referiu-se à importância da escolha dos Açores: "Não há melhor local para descobrir o que se seguirá na exploração do que uma ilha que já foi um espaço vazio no mapa, até exploradores corajosos o encontrarem. Este esforço de preencher espaços vazios em mapas está presente na História dos Açores e na empreitada dos navegadores portugueses. Da travessia do Atlântico à travessia das estrelas, estamos no limiar de uma nova época dourada da exploração."
Manuel Vaz, fundador da Expanding World e mentor da Glex Summit, sublinhou: "É com enorme satisfação que voltámos a garantir Portugal como palco do maior encontro de exploradores do planeta, desta vez na Ilha Terceira, nos últimos 500 anos."
No ano passado, a Glex Summit reuniu 50 oradores, que conduziram os participantes numa jornada de descoberta: "Juntos, viajámos de uma missão de ciência cidadã remota e gelada no Ártico para a conservação da vida selvagem africana e a preservação de rituais tribais sagrados e tradições culturais. Testemunhámos as últimas descobertas no espaço, nos oceanos e na Terra e tivemos um vislumbre dos próximos capítulos", nas palavras da organização.
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