Ciclo de novo cinema oriental na reabertura da Cinemateca
"Novo cinema do Sol Nascente", um ciclo de filmes que abrange produção recente de múltiplas cinematografias orientais - algumas das mais estimulantes dos últimos anos -, é a novidade a destacar do programa de Setembro da Cinemateca Portuguesa, que reabre dia 1.
Além disso, será lembrada a discreta mas sedutora obra de Jacques Becker, no centenário do seu nascimento, enquanto a filmografia de Hitchcock continua a preencher as noites de quinta a sábado na esplanada, como continuam os segmentos regulares da programação. O de antestreias integra, em sessão conjunta (noite de 20), duas curtas-metragens premiadas no último Festival de Vila do Conde: Rapace, de João Nicolau, e O Cântico das Criaturas, de Miguel Gomes. Há ainda o ciclo 'Os Quatro Elementos', em que se sucedem títulos em geral muito vistos, sem prejuízo da sua qualidade.
O "Novo cinema do Sol Nascente" não é objecto dum grande ciclo - exibe 20 filmes, entre os dias 4 e 29 -, mas inclui seis títulos inéditos comercialmente entre nós, como o são os realizadores de dois deles, o chinês Lou Ye e o japonês Ishii Katsuhito. As outras produções inéditas são obras dos chineses Jia Zhang Ke e Zhang Yang e dos taiwaneses Tsai Ming-liang e Hou Hsiao-hsien. Um deles logo a abrir: Prazeres Desconhecidos, de Jia Zhang Ke, o celebrado realizador chinês de Plataforma (a sua revelação) e O Mundo (serão projectados dia 5), que, entre ambos (em 2002), trabalhara nesta história de dois jovens desempregados sem perspectivas, numa produção conjunta da Coreia do Sul, França, Japão e China (noites de 4 e 8).
Do chinês Zhang Yang, cineasta de quem já vimos o interessantíssimo O Chuveiro, passa o filme seguinte, A Separação (2001), centrado num popular actor em filmes de série B, com problemas de toxicodependência (dias 18 e 20). Já visto em Lisboa no circuito paralelo, continua comercialmente inédito Que Horas São Aí?, de Tsai Ming-liang (Taiwan/França, 2001), autor do depois estreado Adeus Dragon Inn (passa dia 6). Trata-se duma original intriga, que cruza a separação dum par de namorados com uma homenagem a Truffaut e tem participação de Jean-Pierre Léaud (a 22 e 28). Outra homenagem cinéfila: do taiwanês Hou Hsiao-hsien ao cinema do mestre nipónico Ozu, que celebra o centenário do seu nascimento em Café Lumière (25 e 27).
O Rio Suzhu, de Lou Ye - Prémio da Crítica no Fantasporto 2002, entre diversas distinções em festivais -, mostra o rio que atravessa Xangai enquanto encruzilhada de pessoas, de vivências, de emoções (dias 26 e 29). Encerrará o ciclo O Gosto do Chá, do japonês Ishii Katsuhito (2004), apresentado como uma comédia absurda situada em ambiente onírico (a 27 e 29).
Além destes, e sempre sob o signo do "Novo cinema do Sol Nascente", pode (re)ver-se: de Wang Xiaoshuai - autor de Sonhar com Xangai, estreado na semana passada -, o anterior Bicicleta de Pequim (dia 21); Disponível para Amar e 2046, de Wong Kar-wai e Primavera Numa Pequena Cidade, de Xiao Cheng Zhi Chun (China/Hong Kong); Zatoichi, de Takeshi Kitano e Ninguém Sabe, de Koreeda Hirokazu (Japão); Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera, Ferro 3 e A Samaritana, de Kim Ki-duk, e Old Boy - Velho Amigo, de Park Chan-wook (Coreia do Sul). Legendagem em português, excepcionalmente em francês ou inglês.