Ciclo de Conferências

Eventos e espaços de debate no âmbito da exposição "500 Anos de Compromisso".
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16 de Maio | Momentos de viragem: a fundação da Misericórdia de Lisboa e o seu primeiro Compromisso impresso de 1516

Isabel dos Guimarães Sá

A Misericórdia de Lisboa, medieval no que toca à observância das obras de misericórdia, cuja evolução é delineada em traços largos no capítulo, foi fundada num momento preciso, num tempo a seguir aos anos cruciais de 1496-97 em que se procedeu à conversão forçada dos judeus em Portugal. Fundadas no reinado de D. Manuel, prolífico em empreendimentos que procuravam uniformizar as instituições do Reino, como a publicação das Ordenações e dos forais novos, a queda das capelas e hospitais, e a própria publicação do Compromisso em 1516, destinado a vigorar noutras confrarias fundadas à imagem da de Lisboa, as Misericórdias rapidamente deram corpo a um sistema próprio de assistência aos pobres, que teria sido meramente local, se a expansão transoceânica o não tivesse expandido a todos os territórios onde se registou a presença de comunidades portuguesas. Não obstante a sua herança medieval, as misericórdias portuguesas fizeram parte de uma série de mudanças que ocorreram em tempos próximos, configurando uma nova época.

23 de maio | O Pentacentenário do primeiro Compromisso impresso: 1516-2016.

Helga Jüsten

Estudo aprofundado sobre a materialidade e os aspetos tipográficos da primeira edição impressa d'O Compromisso, no contexto da história da tipografia portuguesa do século XVI. Reanalisa e lança um novo olhar sobre a questão da existência de uma contrafação (datada de cerca de 1543), da edição dada à estampa, pela primeira vez, em 1516. Apresenta a revisão da literatura científica sobre este aspeto e procede a uma análise exaustiva e profusamente documentada das caraterísticas tipográficas dos exemplares, bem como das circunstâncias da sua edição. Elenca exaustivamente todos os exemplares das duas edições (original e contrafeita) que hoje se conhecem, identificando as respetivas entidades custodiantes.

30 de maio | A Escritura das imagens. A narrativa didática das Obras de Misericórdia.

Celso Mangucci

A partir das últimas décadas do século XVI, os templos das Irmandades de Misericórdia foram progressivamente incorporando representações das Obras Corporais e Espirituais aos conjuntos de pinturas, frescos e azulejos, construindo um discurso abrangente, para dar a conhecer aos irmãos os diversos propósitos da caritas cristã. Nesse texto, Celso Mangucci procura interpretar o significado das Obras de Misericórdia, muito para além da imagem moderna da Instituição de Assistência Social, para assim retomar os laços com a moral cristã, matriz indissolúvel que une, num mesmo projeto salvífico, os misericordiosos e os pobres, as obras de misericórdia corporais e espirituais com a redenção da vida eterna. Nessa interpretação compreendermos também como, num longo processo de tradição cultural, a Retórica afirma-se como uma disciplina orientadora do discurso também para as Artes Plásticas.

6 de junho | A Rainha D. Leonor e as Obras de Misericórdia.

Lisbeth Rodrigues

A relação de D. Leonor com as obras de misericórdia desde há muito que é reconhecida. Este texto centra-se, justamente, nessa relação, discutindo o significado da doutrina e do programa das obras de misericórdia no contexto das ações da monarca. Os vários investimentos leonorinos no campo da assistência e no mecenato artístico/letras evidenciam uma mulher que, através das obras de misericórdia ("vida ativa"), pretendeu lograr uma verdadeira experiência mística ("vida contemplativa"). Este era, de resto, um tema caro a outras mulheres que, já antes de D. Leonor e, porventura, inspirando-a, haviam desenvolvido a sua espiritualidade em torno de ações em prol dos outros. A este respeito, a fundação do hospital de Nossa Senhora do Pópulo constitui um exemplo paradigmático da "vida ativa" da monarca e uma expressão clara do seu compromisso com a doutrina e programa das obras de misericórdia.

Informações:
Arquivo Histórico
213 235 740/741
arquivo.historico@scml.pt

Horário: 18h00
(entrada livre)
Museu de São Roque

23 de junho | A tábua da Virgem da Misericórdia do Museu de Arte Sacra de Teruel.

Pedro Luis Hernando Sebastián (Diretor do Museu de Teruel)

Informações:
Horário: 18h00
(entrada livre)
Museu de São Roque

Todas as conferências serão antecedidas de uma visita guiada às 17h00.

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