Os juízes do Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, decidiram por 12 votos a favor e três contra que o Chile "não está juridicamente obrigado" a negociar com a Bolívia uma saída para o mar. Isto "porque nenhum dos acordos ou tratados assinados por ambos os países ao longo dos anos assim o indicam; tal como não indicam outras resoluções internacionais", disse o presidente do tribunal..Contudo, de acordo com o juiz somali Abdulqawi Ahmed Yusuf, "esta decisão não deve interpretar-se como algo que impeça procurar uma forma de estabelecer um diálogo sobre este assunto entre ambos os países"..O presidente da Bolívia, Evo Morales, esteve em Haia: "Ouvimos atentamente a decisão do Tribunal Internacional de Justiça e nela, se bem que não haja uma obrigação de negociar, há uma invocação para continuar a seguir com o diálogo", reagiu. Ao longo dos anos, têm havido negociações ocasionais neste sentido..O Chile permite atualmente que a Bolívia tenha acesso, sem pagamento de taxas ao porto de Arica, próximo da sua fronteira com o Peru. Mas La Paz queria um corredor que permitisse criar o seu próprio porto no Pacífico e uma ligação ferroviária..Por seu lado, o presidente chileno, Sebastian Piñera, falou "num triunfo histórico para o Chile, o direito internacional, o respeito dos tratados e a defesa do nosso território, mar e soberania"..O diferendo tem origem na guerra do Pacífico (1879-1883), que foi ganha pelo Chile. A Bolívia, que até então tinha cerca de 400 km de costa, perdeu o acesso ao mar (atualmente, na América do Sul, só Bolívia e Paraguai não têm costa). Já o Peru, envolvido no mesmo conflito, perdeu 25% do seu território. Os novos limites dos três países foram estabelecidos no acordo de paz de 1904, documento que Santiago usou na sua defesa em tribunal..A Bolívia tinha recorrido ao tribunal, onde se resolvem disputas entre países nas Nações Unidas, para exigir que o Chile negociasse uma saída para o mar e em 2015 o tribunal tinha aceitado analisar o caso.