Chegam a Lisboa os gloriosos malucos dos barcos que voam
Com a disputa pela liderança ao rubro, começa hoje em Lisboa a sétima, e penúltima, etapa do circuito mundial de vela de velocidade Extreme Sailing Series (ESE). Se o vento ajudar, realizar-se-ão de hoje até domingo seis/sete regatas por dia, cada uma de 12/15 minutos. Em 2013, a prova passou pelo Douro e agora, pela primeira vez, enfrenta as águas e os ventos do Tejo.
A Doca de Pedrouços afirma-se, ao mesmo tempo, como a sede lisboeta da vela internacional de elite. Acolhe os catamarãs desta prova e a respetiva village race e entretanto já se encontra em plena laboração o estaleiro onde serão preparados os veleiros que farão a edição 2017-2018 da Volvo Ocean Race (VOR), uma volta ao mundo à vela que percorre todos os continentes e todos os oceanos. Será de Pedrouços que a frota da VOR partirá em outubro de 2017 para uma etapa zero (prólogo) até Alicante (Espanha), de onde depois rumará, na primeira etapa, em direção à Cidade do Cabo. No que foi a antiga lota da Doca de Pedrouços instalou-se uma verdadeira linha de montagem onde os veleiros irão entrando à vez para serem preparados para a próxima aventura.
Hoje, nove equipas integrarão a frota - o maior número de inscrições desde que o campeonato se iniciou em março passado, no sultanato do Omã. Às seis tripulações que fizeram o campeonato todo juntaram-se agora três wild cards. E uma delas, a Thalassa Magenta Racing, representa uma novidade absoluta na história já com dez anos da Extreme Sailing Series: será a primeira equipa exclusivamente feminina a concorrer. Comandada pela neozelandesa Sharon Ferris-Choat, integra velejadoras que fizeram a última VOR no Team SCA, também ele todo feminino. Das onze atletas convocadas, só cinco integrarão a tripulação de mar, devendo uma delas ser a portuguesa Mariana Lobato. A Thalassa Magenta Racing pretende fazer todo o campeonato de 2017, mas para já ainda está na fase de procurar patrocínios. Lisboa é uma forma de se mostrar ao mundo.
Os dois outros wild cards são a equipa francesa Norauto - que, com o neozelandês Adam Minoprio à frente, é uma séria candidata à vitória na etapa lisboeta - e os norte-americanos do Team Vega (que também querem fazer o campeonato de 2017).
A "tribo" portuguesa já é uma das maiores da ESS e para isso contam decisivamente os cinco velejadores da equipa Sail Portugal-Visit Madeira, que tem feito o campeonato desde o início e pretende continuar (havendo patrocínios) em 2017 e 2018. A tripulação liderada por Diogo Cayola segue em sexto na geral (com 42 pontos) e luta para acabar em quinto, posição que disputa com o Land Rover BAR (46 pontos). O vencedor de cada circuito obtém 12 pontos, o segundo 11, o terceiro dez e por aí adiante. Diogo Cayola e os restantes tripulantes têm duas etapas - Lisboa e, em dezembro, Sydney - para recuperar estes quatro pontos. Pela pura aritmética é mais provável que fique na posição em que está do que suba.
No topo da tabela, a competição está mais renhida do que nunca. A equipa Oman Air (campeã em 2015) lidera, com 68 pontos, depois de ter vencido três dos primeiros quatro circuitos. Mas no quinto (São Petersburgo) ficou em segundo e no sexto (Madeira) em terceiro (a sua pior classificação do campeonato); nessas duas etapas o Alinghi venceu, ficando agora a apenas três pontos do líder do campeonato.
Ao mesmo tempo, o Red Bull Sailing Race aproximou-se da dupla da frente e já só está a dois pontos do Alinghi, com 63 pontos. Dito de outra forma: o Alinghi tanto pode chegar à primeira posição como descer de segundo para terceiro, trocando com o Red Bull. Tudo em aberto, portanto, em quase todas as posições da tabela.