Chegada do verão empurra subida de preços para lá da média do euro

Além dos combustíveis dos transportes, que voltaram a subir após uma redução em maio, os preços de alojamentos, pacotes de férias e bilhetes de avião dispararam e fizeram acelerar os custos do cabaz das compras nacionais.
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A chegada do verão foi no último mês a acha a atiçar o combustível da inflação, levando a subida nacional de preços a ultrapassar a da média da Zona Euro pela primeira vez em quatro anos e meio. Desde o final de 2017 que tal não acontecia.

Em junho, os preços suportados pelos consumidores domésticos ficaram 8,7% acima de um ano antes, segundo dados confirmados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística. Já o cabaz de compras que inclui a procura de estrangeiros, usado para comparações europeias, subiu de preços em 9%, quatro décimas acima da média dos 19 países da moeda única.

Segundo o INE, o índice harmonizado de preços no consumidor português registou em junho uma variação mensal de 1,1%, com o mesmo indicador para o conjunto da Zona Euro a ser de 0,8%.

Já excluindo componentes mais voláteis e sensíveis a choques, a energia e os produtos alimentares não-transformados, tem-se a inflação subjacente, que em Portugal tem andado à frente dos registos da área do euro já desde o arranque deste ano. Este indicador, cuja subida aponta para um acréscimo de preços mais persistente e alargado, marcava aumentos homólogos na ordem dos 6,6% em junho, contra apenas 4,6% na média do euro.

O distanciamento do ritmo de subida de preços português relativamente àquele que ocorre no bloco da moeda única tem vindo a ser notado pelo INE. O indicador harmonizado que permite as comparações é importante, designadamente, por pesar nas avaliações da inflação pelo Banco Central Europeu, que neste mês se prepara para subir juros pela primeira vez em mais de uma década e que tem de assegurar que a política monetária que conduz é adequada a todos os países do euro.

Neste indicador compilado pelo Eurostat, contam de forma mais significativa as despesas em viagens, excursões e alojamento, preços que em Portugal dispararam com a chegada a junho, mostra a evolução detalhada das diferentes componentes de compras.

Os índices do INE indicam que a maior subida mensal de preços ocorreu em junho nas passagens de avião, que encareceram 20,3%, e estão agora 60,1% mais caras do que um ano antes. A segunda maior subida ocorreu nos alojamentos, que reagiram à chegada do verão com aumentos de preços de 13,7% e estão hoje 41,6% mais caros do que um ano antes. As férias organizadas também passaram a custar mais 13%, com os preços cobrados pelas agências de viagens a situarem-se 31,3% acima daqueles que eram praticados em junho do ano passado.

A recuperação do turismo está a traduzir-se, assim, também numa subida considerável de preços que alimenta a inflação. Mas, os combustíveis - em particular, a gasolina e o gasóleo usados no transporte das famílias - continuam ainda a sustentar também a aceleração.

Em junho, os preços de combustíveis usados no transporte pessoal voltaram a aumentar, com uma subida de 9% para novos máximos. O aumento mais do que que reverteu uma descida de 3,5% observada em maio, mês em que passou a ser aplicada pelo governo uma redução em imposto sobre produtos petrolíferos equivalente à passagem do IVA sobre os combustíveis para a taxa intermédia. Entretanto, face há um ano, os custos são 34,7% superiores.

Os combustíveis líquidos usados em casa também ficaram 8% mais caros no últimos mês, situando-se 62,5% acima de um ano antes.

Já o gás das habitações sofreu um ligeiro recuo mensal de 0,6%, estando ainda 38,9% acima dos preços de há um ano.

O preço da eletricidade não mexeu em junho. Está 23,6% mais caro do que no ano passado.

Na alimentação, a secção mais pesada dos orçamentos familiares, a subida mensal de preços foi de 1,1%, colocando os gastos com esta parte do cabaz 13,2% acima daqueles que eram feitos há um ano.

Nesta secção, óleos e gordura são os bens que mais têm encarecido. Contudo, em junho, estes preços conheceram uma redução ligeira de 0,3%. Ainda assim, estão 42,6% acima de há um ano.
Também açúcar e refrigerantes conheceram reduções mensais de 1,2% e 0,4%, respetivamente.

Em sentido contrário, junho fica marcado por um aumento de preços na fruta de 3,5%, a maior subida na despesa alimentar das famílias. Em termos homólogos, porém, os preços estão apenas 2,7% acima daqueles que foram recolhidos pelo INE em junho de 2021.

Para os consumidores domésticos, a subida mensal global de preços foi de 0,8%. Retirando, no entanto, energia e produtos alimentares não transformados, o aumento é bem mais contido, de 0,3%, A inflação mensal subjacente para o consumidor português foi menor do que a registada em maio (0,7%).

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