Charlie Hull cansou-se de esperar por peças novas

Engenheiro americano criou um processo para tornar mais rápido o fabrico de protótipos. Há 30 anos vendeu a primeira máquina
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Em 1983, Charlie Hull era um jovem engenheiro americano de uma empresa especializada na aplicação de capas plastificadas em peças de mobília usando luz ultravioleta. E foi ao confrontar-se com a morosidade de produção de protótipo - uma peça levava dois meses a ser fabricada - que se lembrou de apressar o processo: e se colocasse um número suficiente de camadas de plástico sobrepostas, até conseguir fazer a peça? Durante mais de um ano debateu-se com o problema num dos laboratórios pouco usados da empresa, até que conseguiu desenvolver um processo que fazia exatamente o que tinha imaginado. Chamou-lhe estereolitografia, paten-teou o invento e em 1986 criou a empresa 3D Systems, que ainda existe, e que em 1987 colocou no mercado a primeira impressora.

De então para cá , a tecnologia evoluiu, os materiais e os processos diversificaram-se, as aplicações multiplicaram-se e as possibilidades de utilização, com o surgimento de impressoras cada vez mais baratas - já as há por 600 euros -, estão a chegar à generalidade dos consumidores, que já podem personalizar os objetos. Os especialistas, como Rui Neto, do INEGI, no Porto, ou Artur Mateus, do Instituto Politécnico de Leiria, que trabalham com estas tecnologias e que estão, inclusivamente, a desenvolver novos processos para ela, acreditam que a impressão 3D ainda vai evoluir muito.

"Há tanta gente a trabalhar nisto, nos últimos anos, que acredito que as coisas vão evoluir muito rapidamente", diz Rui Neto. Uma área em que haverá certamente novidades a breve prazo é a da qualidade das peças produzidas. "As máquinas terão de conseguir fazer peças com um acabamento superficial muito superior ao de hoje, isso é fulcral", afirma Artur Mateus. Na sua opinião, a impressão 3D, no ponto que se encontra hoje, "é uma revolução que já está a acontecer" na indústria. "Estamos na base do ciclo e ainda não sabemos quando ele chega ao fim."

Quanto à impressão low cost, ela significará cada vez mais a democratização dos objetos, com novas possibilidades de criação e de pequenos negócios. É só puxar pela imaginação.

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