CGD paga quadro de Vieira Portuense

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Apresentação. Obra que saiu do País no séc. XIX é hoje mostrada no Museu Nacional de Arte Antiga, na presença do ministro da Cultura e de responsáveis da CGD, proprietária do quadro de Vieira

O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, deverá dizer hoje, pelas 15.00, na cerimónia de apresentação de um quadro do pintor Vieira Portuense - comprado a 25 de Junho do ano passado num leilão de Pierre Bergé & Associés, em Paris -, que a obra foi adquirida por 258 mil euros pela Caixa Geral de Depósitos, mas que ficará no Museu Nacional de Arte Antiga para que possa ser apreciado pelo público.

Na cerimónia estará também presente Miguel Lobo Antunes, administrador da Culturgest - Fundação da Caixa Geral de Depósitos, que falará do acordo havido entre o Ministério da Cultura e aquela instituição. Ao DN, o administrador disse que "embora ainda estejamos a negociar o contrato, está assente que o quadro Súplica de D. Inês de Castro, de Francisco Vieira, ficará no Museu Nacional de Arte Antiga, o seu 'poiso' natural". Não obstante, acrescentou Miguel Lobo Antunes, o quadro poderá ter de sair para alguma exposição, como a que deverá ter lugar no Museu Soares dos Reis, no Porto, onde se encontram outros quadros do pintor".

CGD cumpre promessa

O quadro, que saíra de Portugal com a Família Real, assim como muitas outras obras de arte, foi parar no ano passado a um leilão em Paris. Quando teve conhecimento do facto, o ministro da Cultura, alertado por especialistas, conseguiu que um anónimo (que continua como tal) o adquirisse para que o Estado o viesse a poder comprar mais tarde, tendo na altura conseguido do presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, a promessa de que a instituição bancária entraria com o resto do dinheiro que ultrapassasse o tecto disponível pelo Estado. Mas no final, pelo que se percebe, foi a CGD a desembolsar a quantia total de 258 mil euros.

O quadro em causa, de grandes dimensões (196 por 150 cm), é considerado muito importante pelos especialistas, por se tratar de um tema histórico excepcional, que ilustra um mito da História de Portugal e, também, porque a obra-prima de Vieira Portuense, D. Filipa de Vilhena armando seus filhos cavaleiros (1801) ter sido destruída num incêndio ocorrido há dois anos em casa do seu proprietário.

Um mês em lugar nobre

Durante o mês de Março a obra agora adquirida ficará exposta numa sala de exposições temporárias do museu, com a presença de três estudos de Francisco Vieira (1765-1805) para a Súplica de Inês de Castro.

Dois destes esquissos de óleo sobre tela são de colecções particulares e um terceiro, desenho a lápis e sanguínea, pertence ao espólio do Museu Nacional de Arte Antiga desde 1956.

O quadro que o Ministro da Cultura conseguiu resgatar num leilão em Paris foi executado para o Palácio da Ajuda, tendo sido perdido o seu rasto desde 1807. Sabe-se que permaneceu no Rio de Janeiro, no Palácio de São Cristóvão, até à proclamação da República, tendo regressado depois à Europa, não se sabendo em que condições.

De futuro o quadro fará companhia a outras obras que o museu possui do pintor, tais como Leda e o Cisne (1798) e Retrato de Desconhecido, sem data.|

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