Certificações de sustentabilidade ambiental devem ser reformadas - ONG
Muitos dos sistema de "certificação voluntária", que oferecem às empresas a possibilidade de obter um selo de sustentabilidade, padecem de falta de transparência e deveriam ser reformados, considerou a organização britânica, que estudou três setores com forte impacto ambiental, a saber, a pesca, o óleo de palma e o têxtil.
Alguns "esforçam-se de tal maneira para terem a adesão de uma maioria de atores dos setores envolvidos, ou para responderem a uma procura crescente de produtos certificados, que baixam os padrões da sustentabilidade", o que complica a escolha dos consumidores, a ação das organizações não-governamentais (ONG) e dos cientistas, alarmaram-se os autores do relatório, intitulado "A falsa promessa da certificação".
No documento criticam-se duas das principais entidades certificadoras no setor das pescas, a MSC e a FOS.
"A McDonald's pode contrariar as críticas quanto à durabilidade do hoki vendido nos seus restaurantes, argumentando que se tratava de peixe certificado MSC, e isto apesar de várias objeções ligadas ao facto de esta pesca apresentar uma taxa elevada de rejeições e recorrer ao arrasto", salientou a Changing Markets.
Sob os ataques repetidos de várias ONG, a MSC anunciou no final de janeiro um programa de reformas para mudar o seu sistema e os seus padrões.
No caso do óleo de palma, as iniciativas para atribuir certificação multiplicaram-se, mas que "não reduziram nem a desflorestação, nem a perda de biodiversidade".
A ONG denunciou que "a maior parte dos sistemas de certificação criaram módulos diferentes, adaptados às exigências das empresas".
Assim, os promotores da etiqueta considerada a mais fiável, a da RSPO (sigla em Inglês relativa a Mesa Redonda para um Óleo de Palma Sustentável), estabeleceram, em paralelo, a RSPO-NEXT, mais exigente.
Segundo a Aliança Francesa para o Óleo de Palma Sustentável, os critérios da certificação RSPO devem ser revistos em 2018.
Nas indústrias têxteis, as iniciativas são numerosas, mas não há um sistema global que cubra toda a cadeia de fornecimento, mencionou-se no relatório.
Para recuperar a confiança, os sistemas de certificação devem mostrar-se mais "seletivos caos aos seus membros, condicionando a adesão com exigências mais elevadas", "em vez de desenvolver diferentes módulos dotados de níveis de exigências variados", insistiu a Fundação.
Os consumidores "não devem ficar dependentes apenas das etiquetas", mas acompanhar o comportamento global das empresas, ou a situação das espécies marinhas, acrescentaram os autores.
O número das etiquetas ambientais conheceu um forte crescimento nos últimos anos, respondendo ao interesse dos consumidores, ascendendo a mais de 460, em 25 setores, segundo o index ecolabel, o anuário mundial das etiquetas ecológicas.