Cerca de 100 trabalhadores concentrados na Cerealis da Maia para exigir aumentos
"Cerealis escuta, estamos na luta!" ou "Para patrões há milhões e para trabalhadores tostões" são alguns dos gritos entoados pelos trabalhadores que aderiram a uma greve de 24 horas, iniciada às 06:00 de hoje.
Em declarações à agência Lusa, José Lapa, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do Norte, não especificando ao certo quantas pessoas trabalham naquela fábrica, apontou para uma adesão à greve de cerca de 150 trabalhadore e estimou que "a linha de produção da Cerealis da Maia esteja parada e os restantes setores a laborar, graças aos chefes e pessoal contratado".
Contactada por telefone pela Lusa, a administração da empresa não quis prestar esclarecimentos.
"Por aumentos salariais. Contra a discriminação no aumento de salários. Contra a retirada de direitos. Trabalhadores da Cerealis (Maia) em luta!" são as frases que se leem na faixa colocada no portão da empresa.
Miguel Ferreira, funcionário da Cerealis há cerca de dez anos, justificou a adesão à greve pelo "salário muito baixo" que diz receber e pela "ausência de aumentos", criticando algumas opções e respostas da empresa.
"Quando explicamos a nossa situação e pedimos aumentos respondem que não é possível, mas prometem contratar psicólogos e comprar uma mesa de matraquilhos. Nós não vivemos de matraquilhos nem psicólogos", disse o funcionário.
Ao lado, Sónia Teixeira e Graça Silva, ambas chefes de linha no embalamento de massas e ambas vestidas de preto para, disseram à Lusa, "mostrar o luto pela miséria dos salários", lamentaram ter mais uma década de casa e continuarem a receber o salário mínimo nacional.
"Isto é uma escravidão. Tivemos de recorrer à greve porque os patrões têm de ceder e ajudar-nos com aumentos", disse Graça Silva.
Já Sónia Teixeira contou ter sofrido um acidente de trabalho que a obrigou a parar dois meses e meio, razão pela qual, disse, não ter sido abrangida em qualquer aumento.
"Caí, estive em casa pelo seguro, mas além de uma recuperação difícil, sofri sem aumento. Dizem que é pelo meu absentismo, mas eu tive um acidente de trabalho. Depois vejo trabalhadores com um ano de casa a ganhar mais do que gente que tem 20 anos. O que mais parece é que desvalorizam a antiguidade", descreveu a trabalhadora.
A Cerealis tem unidades industriais em vários pontos do país, nomeadamente na Maia, na Trofa, em Coimbra e em Lisboa.
Os trabalhadores da Maia também reivindicam "direitos iguais" aos dos colegas de outras instalações, tendo descrito que, por exemplo, na Trofa há um prémio de assiduidade que não é praticado na Maia.