CEO da Volkswagen pede desculpa após ter evocado slogan nazi

Herbert Diess utilizou a expressão "<em>ebit macht frei</em>" - "o trabalho liberta" - durante um evento interno, o que gerou polémica e obrigou o CEO emitir um pedido de desculpa.
Publicado a
Atualizado a

Todos os anos, depois do evento público anual da Volkswagen, onde se discutem os ganhos da empresa, ocorre uma reunião interna da empresa, em que o CEO discursa para as centenas de gerentes do grupo, informando-os dos novos desafios e dos resultados esperados. Este ano, o discurso do CEO do construtor automóvel, Herbert Diess despertou lembranças do Terceiro Reich quando proferiu a frase "ebit macht frei", o que fez lembrar o slogan nazo "arbeit macht frei", que significa "o trabalho liberta" e está inscrito na entrada do campo de concentração de Auschwitz.

"Ebit macht frei" é no fundo uma variação da frase tristemente celebrizada pelo regime de Hitler. Usa a palavra "ebit", que significa "ganhos antes de juros e impostos" (EBIDTA na sigla inglesa, acrónimo muito utilizado pelas empresas) em vez de "arbeit" (trabalho), pelo que a frase de Diess se pode traduzir como "os lucros libertam".

O CEO da maior construtora automóvel europeia divugou um comunicado, na quarta-feira, a desculpar-se pelo sucedido. E tentou explicar o que quis dizer: "A experiência tem-me mostrado que marcas com alto retorno têm maior liberdade de escolha dentro do Grupo", declarou.

Diess descreveu a situação como "definitivamente uma escolha infeliz de palavras" e afirma não ter pensado na possibilidade da declaração ser "colocado num falso contexto".

Um dos colaboradores presentes no evento diz que o CEO repetiu a expressão com "muita frequência", o que fez impossível não se notar a parecença com a expressão nazi, citado pelo Der Spiegel.

O episódio remete ainda à associação histórica da empresa automóvel com o regime nazi. A Volkswagen foi fundada em 1937, por ordem de Adolf Hitler que pretendia construit carros baratos para que todas as famílias alemãs pudessem ter um. Além disso, a empresa fabricava automóveis para o exército alemão e, segundo a BBC, utilizava mais de 15.000 pessoas que estavam detidas nos campos de concentração.

O próprio Diess assumiu, no comunicado, ter uma "responsabilidade histórica" relativamente a estes factos.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt