Centenas de pessoas viram as duas torres desaparecer

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Centenas de pessoas assistiram ontem à implosão bem sucedida das duas torres da Torralta, em Tróia. Os curiosos foram chegando, desde o início da tarde, à fortaleza de São Filipe, situada na Serra da Arrábida, um dos espaços privilegiados para observar a península de Tróia. A implosão dos edifícios correu de acordo com o previsto poucos segundos depois das quatro da tarde, as torres T04 e Verde Mar desapareceram do horizonte. Para os setubalenses o momento foi difícil de definir, um misto de nostalgia pelos tempos gloriosos do passado e de incerteza pelos dias futuros.

Munidos de máquinas fotográficas e câmaras de filmar, jovens e adultos procuraram pacientemente a melhor posição para assistirem à queda dos edifícios. Para muitos era a primeira vez que observavam um acontecimento do género, pelo que nem o sol forte de uma tarde de Setembro os inibiu da longa espera pela hora marcada. A ansiedade foi crescendo à medida que os minutos iam passando.

"A implosão foi rápida mas, ainda assim, muito bonita", afirmou Sandra Matos, 30 anos, que registou minuto a minuto os momentos que envolveram a queda das torres. "Não consegui parar a câmara, brinquei tantas vezes junto àqueles edifícios que agora é difícil olhar e ver que desapareceram", revela Sandra. As duas torres da Torralta caíram em quatro segundos, o som da implosão foi forte e a nuvem de poeira gerada pela queda quase simultânea dos edifícios demorou 22 minutos a desaparecer do horizonte, o mesmo tempo que um ferry-boat leva a percorrer a distância que afasta Setúbal de Tróia. Esta imensa nuvem de poeira, que chegou a engolir diversas embarcações que permaneceram ao largo do estuário do Sado, surpreendeu muitas pessoas, que ficaram a observar pacientemente o fenómeno. "Este foi o primeiro passo de uma nova era para Setúbal, um concelho muito afectado pelo flagelo do desemprego. O projecto que está previsto pode não ser ideal, mas estava na altura de se fazer alguma coisa por Tróia. Não podemos ficar eternamente agarrados ao passado", defende a auxiliar educativa.

Santos Rocha, 70 anos, partilha a mesma opinião "Conheci a Tróia selvagem, com casas brancas pequeninas, um sítio sossegado. Depois foram construídas aquelas torres, algumas das quais nunca tiveram utilidade porque nunca foram acabadas. Durante anos, este foi o cenário. Agora é tempo de mudar". Santos Rocha, apesar da idade avançada, ainda quer ver prontos os novos edifícios.

A curiosidade levou Isabel Cabeçadas, 42 anos, a assistir à implosão das torres a partir da pousada de São Filipe. Mas a professora de educação visual não esconde o cepticismo em relação àquilo que o projecto, promovido pela Sonae Turismo e pelo Grupo Amorim, poderá implicar . "Receio que o acesso à praia seja vedado e que os postos de trabalho criados não beneficiem os habitantes da região, mas os trabalhadores estrangeiros ou os empregados da Sonae", refere. "Também não percebo como foi possível que os ambientalistas concordassem com o projecto", critica.

Alberto Rocha, natural de Setúbal, defende mesmo que "os planos para Tróia só irão beneficiar os turistas estrangeiros e aqueles que têm dinheiro, que passam a ter um novo casino para jogar e uma nova marina para atracarem os barcos".

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