Centenário de uma batalha que deu heróis a três países
Muitos passaram a noite em sacos-cama, desafiando o frio da noite, para logo pela madrugada recordarem os soldados que em 1915 desembarcaram na península turca de Gallipoli. No centenário de uma das batalhas mais sangrentas da I Guerra Mundial - que ajudou a definir três nações: Austrália, Nova Zelândia e Turquia -, foi ao som das gaitas-de-foles que o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, afirmou: "Como todas as gerações antes de nós, estamos aqui porque acreditamos que os ANZAC representaram o melhor dos australianos."
Quando desembarcaram na pequena praia de Gallipoli, milhares de soldados do Australian and New Zealand Army Corps (ANZAC) caíram vítimas do fogo de artilharia das tropas do Império Otomano, então aliado da Alemanha. Quando as forças aliadas retiraram, oito meses depois e tendo avançado pouco mais de quilómetro e meio em território otomano, o balanço da batalha era de 130 mil mortos, 87 mil dos quais entre os efetivos otomanos.
Diante das dez mil pessoas reunidas na baía de ANZAC, a norte do local onde os soldados australianos e neozelandeses desembarcaram há cem anos, Abbott colocou uma coroa de flores em memória dos soldados caídos e recordou "a perseverança dos que escalaram estas encostas sob uma chuva de fogo. A compaixão das enfermeiras que assistiram os milhares de feridos".
Recordar Ataturk
Na Turquia, Gallipoli também é motivo de orgulho nacional. Ou não estivesse entre os soldados que travaram o caminho das forças aliadas em direção a Constantinopla (atual Istambul) Mustafa Kemal Ataturk, o jovem oficial que mais tarde seria o fundador da Turquia moderna. Já à frente da república secular, em 1934, Ataturk escreveria um tributo aos ANZAC caídos em Gallipoli: "Esses heróis que derramaram o seu sangue e perderam as suas vidas... Repousam agora no solo de um país amigo. Por isso descansem em paz. Não há diferença entre os Johnnies e os Mehmets que repousam lado a lado neste nosso país."