A censura dos governos à Internet não pára de aumentar. São já 26 os países que vêem os seus Governos dominar a Web, segundo um estudo elaborado por investigadores dos EUA, Canadá e Reino Unido que integram a "The Open Net Initiative", ontem divulgado. Em Março último, a mesma organização universitária (que reúne estudiosos de Harvard, Cambridge, Toronto e Oxford) tinha detectado 24 países com repressão. "O estudo mostra que a censura dos governos à Internet está a crescer um pouco por todo o mundo", avisou John Palfrey, director executivo do centro Berkman de Internet e professor de direito da universidade de Harvard, uma das que integra o "The Open Net Initiative"..Os investigadores analisaram 41 países mais problemáticos de diferentes partes do mundo e descobriram que em 26, mais de metade, existe censura dos executivos à net. A repressão de alguns países é copiada de outros já com historial de controlo de conteúdos online (como é o caso da China), usando filtros para palavras proibidas ou excluíndo até sites e aplicações, como foi o caso do bloqueio da Wikipédia pelo Governo chinês e do Google no Paquistão. Estes são, aliás, dois dos países considerados como "casos preocupantes" pelos investigadores. "O número de países que se está a associar à prática de censura está a aumentar e com características cada vez mais sofisticadas", alertou John Palfrey. .A par da China e do Paquistão, o Irão, a Arábia Saudita, a Coreia do Norte, a Birmânia, a Síria, a Tunísia, o Vietname e o Iémen são os países apontados pelos estudiosos como "casos mais preocupantes". A Coreia do Sul, embora o faça de forma mais ligeira, faz também parte da lista dos casos mais graves..Os conteúdos censurados pelos governos podem abranger assuntos como política, religião, sexualidade, cultura, assuntos legais e sociais e vão desde o bloqueio do acesso a certos sítios da Web (como é o caso do Google no Paquistão) à "simples" censura de determinado tipo de conteúdos nas páginas virtuais dos próprios países..A Birmânia, China, Irão, Síria, Tunísia e Vietname são países, por exemplo, que se dedicam sobretudo a filtrar "conteúdos políticos" que circulam na rede e que possam ser prejudiciais ao governo. "Filtram sobretudo informações dos grupos da oposição ou conteúdos que ofendam a segurança nacional", refere o estudo. E o Irão e a Tunísa juntam-se à Arábia Saudita (que são considerados bloqueadores omnipresentes) e ao Iémen na censura de conteúdos relacionados com normas e hábitos sociais. .No que respeita a informação sobre segurança nacional, os campeões da censura são a Birmânia, a China (que bloqueia também numerosos sites, tal como a Arábia Saudita), o Irão, o Paquistão e a Coreia do Sul..Mas os investigadores da "Tha Open Net Intiative" também se depararam com algumas surpresas durante a sua investigação. Ou seja, países onde esperavam encontrar níveis elevados de censura e não "foram encontrados conteúdos filtrados". Foi o caso, entre outros, da Venezuela ou do Nepal, da Malásia, de Israel, do Afeganistão e do Egipto. Ou ainda da Cisjordânia e de Gaza. .Apesar de não terem centrado a sua investigação em países do continente americano ou europeu (embora façam também análises), os estudiosos avisam, sem precisar, que também nestes "começam a existir alguns mecanismos de controlo"..Preocupados com o fenómeno, os investigadores alertam: "Filtrar a net corrói as liberdade civis e asfixia as comunicações globais". |* - C.V.R.