CDS."O governo PS não é ilegítimo" e deve ser combatido "sem crispações"

Diogo Feio, Paulo Núncio e Francisco Mendes da Silva defendem na sua moção ao Congresso que o CDS deve avançar sozinho nas próximas legislativas. Sejam elas quando forem.
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"Uma esperança para um novo ciclo" é o tema da moção que os três dirigentes centristas vão apresentar ao 26º congresso do partido, que se vai realiza dentro de duas semanas. O próximo ciclo eleitoral é uma das preocupações e entendem que o CDS deve estar "preparado para a eventualidade de, e, algum momento dos próximos dois anos, o atual Governo deixar de ter condições para exercer o seu mandato". Perante esse cenário, consideram Diogo Feio, Paulo Núncio (ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais) e Francisco Mendes da Silva (deputado), "o CDS deverá, em circunstâncias normais, apresentar listas próprias, como forma de afirmação autónoma do seu projeto para o novo ciclo". Para os subscritores "aquilo que a realidade recente nos mostra é que o centro-direita só voltará a governar se obtiver maioria absoluta de deputados eleitos. Se essa maioria não existir, o precedente criado com a atual solução governativa incentivará em princípio a coligação entre os perdedores. Por outro lado, a experiência mostra também que aquela maioria absoluta dificilmente será obtida por um só partido. Este cenário significa que a estratégia mais apropriada é a de cada partido se apresentar de forma independente, com projetos distintos (ainda que possivelmente conciliáveis), de modo a alargar a capacidade de atração de voto".

A recente vitória eleitoral de Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo centro direita, "mostraram que a obtenção de maiorias absolutas está perfeitamente ao alcance desse espaço político, se os partidos se apresentarem com discursos abrangentes, moderados e positivos, que deem esperança e respeitem a aspiração dos portugueses".

Numa espécie de "guião político" para a futura liderança do CDS, Diogo Feio, Paulo Núncio e Francisco Mendes da Silva, sugerem uma oposição assente em quatro princípios: "ser uma oposição firme e responsável ao PS; deve assumir-se como partido mais pragmático do que identitário; deve repensar a sua proposta política, após o fim do período político excecional do resgate; e deve fazer uma aposta forte no ciclo eleitoral dos próximos dois anos". Para estes centristas,"o problema de autoridade do Governo ultra-minoritário do PS reforça a necessidade de uma sindicância política atenta, rigorosa e implacável na oposição a todas as medidas que o CDS entenda como violadoras da sensibilidade global maioritária saída das eleições".

No entanto sublinham, na linha do que, aliás, foi defendido por Marcelo Rebelo de Sousa, que "é necessário compreender que não só o Governo não é ilegítimo, em sentido próprio, como, em boa verdade, a insistência apenas no discurso da falta de legitimidade material do Governo pode desgastar a vantagem moral e a base eleitoral do CDS e do centro-direita". Por isso, " é combatendo, sem crispações desnecessárias, a atual solução parlamentar socialista/bloquista/comunista/verde que sustenta o executivo que o CDS criará as condições para voltar a exercer responsabilidades governativas". Aliás, reconhecem, "a repetição constante daquele discurso apresenta o risco de o desvalorizar. É que ele poderá vir a ter o seu momento e o seu pretexto, necessitando então de toda a sua autoridade. Se o fundamento do atual Governo é uma suposta maioria parlamentar positiva e duradoura, o Governo deixará de ter legitimidade quando se perceber que aquela maioria não existe realmente". E defendem que o CDS esteja muito atento a qualquer pequena cisão na maioria de esquerda: "se o Governo passar a necessitar de apoio à sua direita, terá de reconhecer-se ser falsa ou inexistente a sua sustentabilidade política. Logo que esse momento ocorra, haverá um discurso objetivo, simples, democrático, moderado e reformista a fazer em torno da legitimidade e da necessidade de clarificação eleitoral, que o CDS deverá protagonizar".

No futuro, é defendido na moção, "o CDS não pode ficar dependente da ideologia do período de emergência e do quadro mental da crise e do resgate. Fechado o programa de ajustamento e recuperada a autonomia orçamental, o CDS tem especial responsabilidade em protagonizar uma nova esperança para os portugueses. Seguramente que a situação do país continua a requerer prudência e gradualismo, mas o CDS deve apresentar uma proposta política reformista, capaz de gerar consensos alargados, nas áreas orçamental, económica, social e de reforço da qualidade da democracia". Uma das bandeiras que defendem seja levantada, tem a ver com a "política orçamental", em relação à qual o CDS deve assumir-se como o "campeão da redução da despesa pública e da diminuição do peso do Estado na sociedade e na economia".Na opinião dos autores desta moção "a afirmação do princípio de um Estado subsidiário, que estará sempre presente para aqueles que dele efetivamente precisam, compromete o CDS na redução de um Estado que está hoje claramente sobredimensionado, absorve demasiados recursos, interfere nas escolhas das famílias e onera o crescimento económico".

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