CDS/Congresso: "Se PSD não tem claro posicionamento face ao PS, nós temos" -- Filipe Anacoreta
"Quando nos perguntam se o PSD pode contar connosco, acho que a questão tem de ser colocada é se o CDS pode contar com o PSD. Se o PSD não tem claro qual é o seu posicionamento face ao PS, nós temos e nós queremos um caminho alternativo ao PS", defendeu Filipe Anacoreta à Lusa.
Filipe Anacoreta, crítico da liderança de Paulo Portas, que apoia Assunção Cristas, irá ao Congresso centrista do próximo fim-de-semana defender que não é aceitável que o PSD coloque o PS no mesmo plano do CDS.
"Nós não podemos aceitar ouvir que o CDS está à mesma distância do PSD que o PS, isso é uma avaliação que não é compreensível face a quem quer construir uma alternativa ao PS", argumentou.
Para Filipe Anacoreta, que foi o porta-voz da corrente interna Alternativa e Responsabilidade (AR), "é fundamental perceber se o PSD está totalmente empenhado nesse caminho" de alternativa ao PS.
Dois anos depois de um "Congresso de incertezas", com uma mudança de uma "liderança forte e marcante", a de Paulo Portas, para Assunção Cristas, o deputado e dirigente centrista considera que "o partido está forte" e vive "um momento feliz".
Filipe Anacoreta desafia os críticos da liderança de Assunção Cristas a darem exemplos de falta de democracia-cristã no partido.
"Quem vê aquilo que foi a agenda do CDS a resposta é concreta, não é de palavras. A propósito da mais variada agenda, seja a natalidade, a família, o meio laboral, os idosos, a economia, a justiça, educação e segurança social tem havido uma preocupação muito consentânea com aquilo que é a minha interpretação de uma resposta que uma democracia-cristã em Portugal deve dar", sustentou.
"Concordo com a Assunção Cristas quando diz que nós temos de estar junto das pessoas e ter respostas para as suas necessidades e a nossa pertença, em termos de pensamento, é um instrumento que nos ajuda nesse esforço, mas não tem de estar sempre a ser proclamada, só por quem se sentir inseguro em relação a isso", vincou.
Para Filipe Anacoreta, "não existe um manual de democracia-cristã que diz o que é democrata-cristão e o que não é", a matriz "permite que haja pessoas que são mais liberais, outras mais conservadoras" e o partido "não se deve fechar".
"A matriz democrata-cristã é a razão pela qual nunca fomos defensores de que a democracia-cristã se devia constituir em tendência. Outros partidos democráticos portugueses podem ter, creio que têm, correntes democratas-cristãs, o CDS é o único que não tem uma tendência, tem uma matriz democrata-cristã", defendeu.
Recentemente constituiu-se como corrente interna a tendência "Esperança em Movimento" (TEM) que se define como democrata-cristã.
O CDS-PP reúne-se no 27.º Congresso no sábado e domingo, em Lamego, no distrito de Viseu.