CDS. Partido quer dissuadir despedimentos de trabalhadores com mais de 45 anos
Dissuadir despedimentos de trabalhadores com mais de 45 anos é uma das medidas que vai ser proposta pelos subscritores desta moção - assinada já por 680 centristas (o limite mínimo era 300) - que vai ser apresentada no próximo congresso do CDS, que se realizará nos dias 12 e 13 e março. Neste documento, a que o DN teve acesso, os autores, entre os quais deputados, ex-governantes e diversos líderes distritais, apontam vários caminhos para marcar aquela que deve ser a sua identidade e os "valores indissociáveis da matriz do CDS. A "opção preferencial pelos mais pobres, na defesa da vida e dos direitos humanos, os direitos das crianças, a defesa da família e uma verdadeira economia social de mercado, regulada e equitativa".
No mercado laboral, prometem defender a "formação e valorização permanentes ao longo da vida, articuladamente com legislação dissuasiva dos despedimentos de trabalhadores com mais de 45 anos". No entender dos autores desta moção, entre os quais o atual porta-voz da comissão executiva do CDS e o deputado Helder Amaral, estes trabalhadores são "aqueles em maior risco de desemprego de longa duração" e, por isso, "a valorização da experiência, o estímulo de encontro ativo entre trabalhadores e empregadores, o prémio que quem ativamente patrocina este fator de desenvolvimento, serão sempre preferíveis a subsídios e soluções de recurso". O "desemprego de longa duração de trabalhadores com mais de 45 anos é uma chaga social, uma nova forma de pobreza; merecerá o nosso combate construtivo e consequente. A família que defendemos também depende dessas medidas".
Por outro lado, em relação ao jovens, para os quais são sugeridas "políticas de emprego ativas", é assumida uma defesa da emigração. Mas organizada e desejada. "Que nos desculpem os demagogos maniqueístas, mas não vemos mal numa política dinâmica articulada de empregabilidade a nível europeu. Não temos nada contra a mobilidade que, geralmente, forma, enriquece, qualifica. Queremos obviamente que os nossos jovens possam, querendo, encontrar emprego dentro de portas, mas que o caminho de uma carreira internacional não seja por exclusão e por falta de oportunidades em Portugal. Teremos sempre orgulho não complexado em todos os que ostentam e honram o nome de Portugal nos diferentes países", é salientado na moção.
Para a gestão interna do partido, os autores apelam a que a futura liderança permita que, além de "mobilizar novos talentos e novos militantes", seja dada "oportunidade a todos internamente". "Embora a opinião pública não o tenha sentido, nem o tenhamos conseguido demonstrar, o CDS nunca foi um partido de unanimismos. O CDS sempre foi um partido de debate, um partido de troca de ideias, um partido plural. É assim que deve continuar", assinalam. Recorde-se que Lobo d'Ávila, ex-secretário de Estado da Justiça e da Administração Interna, foi um apoiante convite da candidatura de Nuno Melo à presidência do CDS, a qual, como se sabe, não se concretizou.
Estes dirigentes centristas, nacionais e locais, querem que as estruturas partidárias distritais tenha mais poder de decisão na escolha dos candidatos a deputados, "privilegiando, sempre que possível, os ativos políticos, com ligação à respetiva região". No seu entender, o "reforço da identidade do CDS passa por atos que, sendo meramente simbólicos, demonstram o caminho" que pretendem seguir. A alteração da sigla é um exemplo que propõem. Eliminar o PP (Partido Popular), expressão introduzida pelo ex-presidente Manuel Monteiro, "passando a utilizar, única e exclusivamente a sigla CDS".
Para a estratégia eleitoral futura assumem alguma dificuldade de definição devido às "incertezas" do cenário político. "Não sabemos se teremos eleições autárquicas seguidas de regionais, legislativas e presidenciais; ou se, ao invés, teremos eleições legislativas, autárquicas, regionais e presidenciais. A instabilidade política a que hoje assistimos demonstra-se também na incerteza do calendário político e eleitoral. É esta a nova realidade que os socialistas de António Costa trouxeram a Portugal".
De qualquer forma, como "partido institucionalista" que, "por regra" entende que "os mandatos eleitorais devem ser cumpridos integralmente", os autores da moção querem que o CDS faça "um caminho de afirmação, de diferenciação, de oposição responsável e frontal". Esse caminho "deve ser feito com a afirmação eleitoral de um CDS independente e autónomo de qualquer outra força política, validando a sua força, o seu líder, o seu projeto e as suas ideias junto aos portugueses". O garantem que "o CDS não é, nem nunca foi, os Verdes. E a PaF não é, nem nunca foi, a Coligação Democrática Unitária (CDU). Para as legislativas "é esse o caminho". Oi seja, que Assunção Cristas não se alie a Pedro Passos Coelho e mostre, por si, o que vale.
Já para as eleições autárquicas, é defendida outra atitude. "Entendemos que a afirmação dos nossos autarcas, a consolidação das alianças locais vencedoras, assim como a formação de alianças potencialmente vencedoras, devem ser encaradas" como a opção mais adequada. "Sabemos quem são os nossos adversários políticos e sabemos quem são os nossos aliados naturais. Mas não nos confundimos com adversários nem nos diluímos com aliados".
Esta sexta-feira, até à meia-noite, é o prazo limite para a entrega de moções ao congresso. Até ao momento, além da referida neste texto, está prevista a divulgação de, pelo menos, outras quatro importantes, entre as quais a da própria candidata única à liderança, Assunção Cristas, na sede do CDS, logo às 18 horas.