CD da "Integral da Obra para Canto e Piano" de António Fragoso é apresentado hoje

António Fragoso, que morreu há cem anos, "poderia ter sido o nosso maior compositor do século XX", disse à agência Lusa João Paulo Santos, eque acrescentou: "Se calhar, do nosso maior compositor do século XX, temos mais saudade dele do que outra coisa, pois não chegou a ser".

António Fragoso morreu aos 21 anos, em 1918, vítima da pneumónica.

"É uma espécie de ironia e uma coisa bem portuguesa, não ter chegado a ser, e ter saudade do que ele poderia ter sido", prosseguiu João Paulo Santosa, acrescentando que, desde cedo, as obras de Fragoso "são admiráveis e interessantes".

Para o pianista e regente, "é espantoso o que ele escreveu a partir dos 17 anos", quando entrou no Conservatório, em Lisboa, "e tomou contacto com muita coisa, o que faz dele uma referência absoluta para a música no início do século XX, em Portugal".

A integral para canto e piano, de Fragoso, divide-se em três grupos. O primeiro é constituído por canções de salão, que compôs na terra natal, Pocariça, Cantanhede, "Toadas da Minha Aldeia", um grupo de cinco canções em francês sobre poemas de Paul Verlaine, "das melhores que há de compositores portugueses", e um ciclo de canções em português, com poemas de António Correia de Oliveira, "Cantigas do Sol Poente".

Relativamente a este ciclo de cantigas, João Paulo Santos afirmou que é "uma interessantíssima tentativa de criar um estilo português, uma cor nacional, sem fugir a um lado absolutamente pessoal e moderno".

João Paulo Santos disse que, se António Fragoso não tivesse morrido precocemente, poderia ter-se tornado num grande compositor. Todavia, "é admirável o que ele escreveu, principalmente entre os seus 17 e 21 anos, quando morreu. São obras extremamente pessoais e de uma extraordinária força, a par do que se passava no mundo".